domingo, 15 de julho de 2007

para quem se interessar

(Os movimentos fazendo uma reunião - sem comentários para ser neutro)

REUNIÃO SOBRE JORNADA DE LUTAS PELA EDUCAÇÃO

RELATO DA REUNIÃO PARA CONSTRUÇÃO DA JORNADA E CONVITE AS ENTIDADES
Data - 12/07/07
Local: CEPATEC (SP)
Presentes:Antonio David Contraponto, Barbara Regina da Silva Educafro, Daniela Mussi FOE, Fábio Nassif de Souza FOE, Gabriela Hipólito Conlute, Glauber Reinaldo Educafro, Igor Felippe MST, Itair MST, Leonardo dos Santos Educafro, Luiz Cassanho Conlute, Mara Machado MMM, Maria Cristina Vargas MST, Paulo Rizzo Andes, Pedro MST, Tânea Mara FEAB, Thiago Conlute, Tica Moreno MMM, Wagner Coletivo Via/Urbanos, Wagner do Nascimento Educafro.

Ausência justificada
UJS e a Articulação de Esquerda.

Contexto- A Via Campesina e setores urbanos formaram um coletivo de juventude, que tem realizado reunões frequentes, refletido sobre o papel da juventude na sociedade brasileira e sobre suas formas de luta.
- O coletivo tem a proposta de fazer uma jornada de lutas no mês de agosto, de forma articulada com militantes e organizações do Movimento Estudantil, que tem um acúmulo histórico na reflexão e luta na área.
- A data proposta pelo coletivo da Via Campesina é entre 13 a 15 de Agosto.
- Seria importante a participação do maior número de entidades. É preciso fechar consensos em relação a foco da jornada, pauta de reivindicação, data para garantir a participação da maior parte de organizações.
- Existem alguns acúmulos dos diálogos realizados com algumas organizações e que seriam: o fim do vestibular, cotas, financiamento da educação.
- Participar da produção do Jornal Brasil de Fato Especial sobre a Educação como material massivo para distribuição durante a jornada.

Pontos com consenso
1- Vamos realizar a jornada com a participação do movimento estudantil e movimentos sociais,
2- Vamos assinar uma convocatória em conjunto com a participação de todas as entidades e organizações;
3- A convocatória precisar ter um conteúdo sintético e resumido para garantir a unidade. Pontos devem ser resumidos e objetivos, com no máximo 10 pontos de pauta;4- Precisamos atuar de forma a garantir o maior número de organizações.
5- Vamos atuar dentro das nossas organizações para garantir a articulação nos estados.
5- Vamos fazer novas articulação com outras entidades e nos estados.Preocupações gerais1- Ainda não existe consenso em relação à data;
2- Possibilidade de greve nas universidades federais no início de agosto;3- Inicio de aulas nas universidades pode atrapalhar e precisamos trabalhar na perspectiva de como organizar;4- A UNE tem um jornada marcada para o final de agosto e podemos dividir as forças, fazendo duas mobilizações relacionadas a educação.Encaminhamentos1- Realizar próxima reunião com papel de ampliar as entidades e organizações, fortalecer a articulação entre elas e convocar a Jornada.
2- DATA: 17 de Julho, as 18 horas no CEPATEC;3- Sobre o material especifico do jornal Brasil de Fato, cada organização de enviar materiais e na reunião vamos tirar uma equipe para sintetizar as contribuições;4- Entidades convidadas para se somar à articulação na próxima reunião: Executivas e Federações de curso; UNE; UBES; Articulação de Esquerda; CMS; MSU; Organizações do movimento negro; Reped; CNTE; FASUBRA.

PS: Reforçamos o convite as escoals de SP para que participem da próxima reunião.
Abraço, Tânea Mara.

domingo, 1 de julho de 2007

24 jun (Folha cotidiano)

Invasão na USP revela um desejo paradoxal por ordem
Os sociólogos Francisco de Oliveira e Laymert Garcia dos Santos e o filósofo Paulo Eduardo Arantes discutem o significado da crise na USPMovimento estudantil rompeu hiato de apatia, mas seu objetivo é conservador UIRÁ MACHADOCOORDENADOR DE ARTIGOS E EVENTOS "O período das grandes marchas acabou", afirma o filósofo Paulo Arantes. A invasão da reitoria da USP também. E agora?Seria um equívoco procurar no passado -e na mística de 68- a chave de compreensão do movimento liderado pelos estudantes contra o governo do Estado e o comando da universidade. Parece haver algo de novo no ar, embora ainda não seja possível dizer exatamente o que nem afirmar qual o legado que deixará para a esquerda.O que já se sabe é que nasce com o mérito de romper um hiato de apatia e desmobilização, mas marcado por um paradoxo: o movimento que se pretende revolucionário e desafia a ordem legal é o mesmo que luta por pautas conservadoras e para restabelecer a ordem.A análise é de Paulo Arantes e dos sociólogos Francisco de Oliveira e Laymert Garcia dos Santos, três dos mais importantes intelectuais da esquerda brasileira, próximos dos estudantes e simpáticos ao movimento. A Folha os convidou na última terça-feira para debater o significado da crise na USP, quando o cenário para o fim da invasão já estava desenhado.Naquele dia, Arantes e Oliveira -e mais alguns colegas- participaram de uma reunião com a reitora da USP, Suely Vilela, para discutir os rumos da crise na universidade. Ficaram ainda mais convencidos da irrelevância da política."A ocupação da reitoria da USP mostra de forma escancarada que a política tradicional não tem mais capacidade de processar os conflitos sociais", afirma Oliveira. "É essa incapacidade que eu venho chamando de irrelevância da política."Adeus às marchas"Simplesmente estamos nos dando conta de que política pode ser outra coisa. Um pontapé na porta rompeu uma rotina de decretos, de apatia. E fez com que um governo prepotente revogasse os decretos. Pode ser que o movimento não tenha um futuro. Daqui a dois dias [última quinta-feira] vão desocupar e não se sabe o que vai acontecer. Estamos vivendo um tempo inesperado, porque não entra nos parâmetros antigos. O período das grandes marchas acabou", diz Arantes.O filósofo compara a situação atual com a de 2000, quando os alunos se associaram a outros setores em greve e conseguiram mobilizar 50 mil pessoas na avenida Paulista (15 mil, segundo a Polícia Militar).Ele diz que o movimento de agora, "do ponto de vista política, é uma molécula", mas produziu "um deus-nos-acuda que não havia sido visto". A reação, diz Arantes, é desproporcional.Se a política tradicional está em xeque, dizem eles, é preciso buscar outras formas de olhar para a crise na USP. E uma delas é justamente a reação da sociedade -mas, sobretudo, a da própria universidade.Quando os estudantes estavam havia poucos dias na reitoria, professores da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), unidade tradicionalmente de esquerda, escreveram textos condenando a violência da ocupação. Outros professores organizaram uma passeata anti-invasão."São manifestações de extrema-direita que nem na ditadura nós tivemos", diz Arantes."O grau de apatia, letargia e neutralização da política chegou a um ponto que reivindicar o que os alunos estão reivindicando e apontar os limites das ações do governo já é uma coisa escandalosa", diz Laymert.Aí apontam o que, para eles, é o grande mérito dos estudantes: se manifestar contra algo com o que não concordavam.Essa linha de raciocínio os leva a considerar que a ordem, na verdade, é uma desordem aceita por todos. O primeiro ato de violência, dizem, não partiu dos estudantes, mas de José Serra, que decidiu governar por decreto e atacar a autonomia das universidades. O mesmo vale para o plano federal, em que, desde FHC, a prática é governar por medidas provisórias."A surpresa foi que ainda existe gás para reagir quando tudo vinha sendo engolido passivamente", diz Laymert.No começo do ano, o governador José Serra (PSDB) editou uma série de decretos que, segundo parte da comunidade acadêmica, ameaçavam a autonomia universitária. No dia 31 de maio, publicou um inédito decreto declaratório e revogou quase todos os itens que estavam sob a mira dos alunos.ParadoxoA medida foi considerada um recuo de Serra e uma vitória dos estudantes. Mas essa conquista encerra um paradoxo."Eu já disse isso a eles [os alunos], e eles ficam meio aborrecidos: foi uma ação de subversão -que parece subversão, mas não existe subversão numa sociedade permissiva- para o retorno ao statu quo ante. Zapatistas, ex-maoístas, trotskistas, independentes se juntaram, ocuparam a reitoria para que o reitor tivesse o direito do pleno exercício da execução orçamentária e financeira de uma universidade, que é puro establishment. É uma subversão pela ordem", afirma Arantes, o mais próximo dos alunos."O famoso Estado democrático de Direito sendo violado nas suas regras elementares -que é o funcionamento de uma autarquia- provocou um ato considerado de subversão revolucionária para colocar as coisas no seu lugar, que é um lugar conservador", completa.Para Arantes, as demais reivindicações vão na mesma linha. A pauta inclui, entre outras, medidas de inclusão social ("assistencialismo") e a Estatuinte ("dentro da normalidade de uma vida institucional")."A pauta de reivindicações, a própria reitora o disse, é perfeitamente realizável. Um dos pontos é o serviço de ônibus da USP. Ora, o que isso quer dizer para uma universidade como a de São Paulo? Não vejo como isso possa estar dizendo que se trata de nova forma de política", diz Oliveira.ContágioOs três concordam quanto ao caráter algo conservador das reivindicações dos estudantes. Ao mesmo tempo, enxergam uma certa novidade no movimento: além da capacidade de quebrar o silêncio, apontam a forma de manifestação."No conteúdo, não há nenhuma alternativa política substantiva. Na forma, é uma ação política inédita, que tende a se multiplicar, como fórmula, independentemente do conteúdo. O contágio então vem da tecnologia política, do modo de fazer. O conteúdo está na forma", diz Arantes.Se a novidade está na forma, é porque os tempos são outros. Os modos antigos de fazer política, insistem eles, não têm mais alcance nem sentido.

www.brasilia17. org 25 jun

ESTADUAIS PAULISTASTRAIÇÃO VERGONHOSA NA USP PARTIDOS VENDEM MOVIMENTO POR MIGALHAS25.06.2007Na última quinta-feira, quando a assembléia geral dos estudantes da USP aprovou a saída dos estudantes da reitoria, o PSOL e outros partidos traidores finalmente conseguiram fazer o que tentaram por 50 dias: por fim à ocupação e acabar com a luta. Na última quinta-feira, a assembléia geral dos estudantes da USP votava o fim da ocupação da reitoria. PSOL, PSTU e PT, sem convencer a ninguém, fingiam comemorar a "grande vitória". Quem esteve presente àquela assembléia, no entanto, viu uma massa apática votando pelo fim da ocupação sem sequer uma salva de palmas, sem qualquer manifestação de alegria real diante do resultado medíocre e grotesco para 50 dias de longa luta. Com o rabo entre as pernasNa verdade, as correntes e partidos que se esforçavam "em comemorar" a "grande vitória", na boca pequena espalhavam desde cedo boatos bem diferentes: o comentário geral que procuravam difundir era outro: "é melhor sair agora, mesmo sem ganhar grande coisa, do que esperar mais um pouco e não conseguir nada". Ou ainda: "é melhor sair agora sem luta do que esperar o pelotão de choque e levar porrada".Foi assim, dessa forma lamentável, que os partidos convenceram a todos os que votaram pelo fim do movimento. Em nome de um vergonhoso "recuo organizado", com o rabo entre as pernas, PSTU, PSOL, LER e PT comandaram a debandada!Para fora da USP, escondendo a vergonhosa e covarde retirada, deram a versão de que havia ocorrido uma "grande vitória". Mas, a verdade é que, com a única exceção do PCO, os partidos de "esquerda"; PSTU, PSOL, LER e PT; puseram fim aos mais de 50 dias de ocupação da reitoria da USP de uma forma vergonhosa e traidora.O crescimento do movimentoSem dúvida, o desenrolar do movimento surpreendeu a todos. Quando alguns valentes companheiros tomaram a reitoria arrebentando a porta de entrada, ninguém esperava que o movimento fosse crescer tanto. No início, PSOL e PSTU queriam fazer só uma ocupação de fachada; sair após alguns poucos dias cantando vitória com as migalhas que a reitora ofereceu, e simplesmente esquecendo os decretos de Serra.Mas, logo a ocupação foi ganhando força e surpreendendo a todos. Veio um segundo momento, a dimensão estadual, nacional e até a repercussão internacional que assumiu a ocupação fizeram com que a pauta inicial de reivindicações, os chamados "17 pontos", fosse ultrapassada pela reivindicação da derrubada dos decretos, pela defesa da autonomia universitária, pela luta por uma universidade livre dos interesses das grandes empresas e do capital.Nesse sentido, a presente carta da reitora, que contém o pacote chamado de "vitorioso", na verdade, foi um absoluto retrocesso. A vergonhosa carta aprovada pela assembléia foi uma reedição requentada de uma contra-proposta da reitora aos "17 pontos" já anteriormente rejeitada pelo movimento. A vergonhosa carta foi uma reedição requentada de uma carta que nos foi apresentada no dia 08 de maio. Por que naquele momento, há mais de 30 dias, a carta, que hoje é o fruto de nossa "imensa vitória", não foi logo aceita? Exatamente porque o movimento já havia ultrapassado as reivindicações específicas internas à USP, de viés meramente assistencial e reformista. Naquele momento, e por várias semanas, o movimento assumiu uma direção audaciosa, politizada e consciente do que significavam o ato de Serra, a criação da secretaria inconstitucional, os vergonhosos decretos, a submissão a Pinotti, agente da FMU e das universidades do capital: a ocupação apontava a todo Brasil o caminho da luta e colocava-se como carro-chefe das demais greves e ocupações em todo o país. O relativo refluxoHouve um terceiro momento; há duas semanas, a ocupação e a greve começaram a dar sinais de que podia haver um recuo na USP. A saída da greve da ADUSP---traiçã o sem precedentes dos docentes---foi o primeiro golpe. A ADUSP se dizia satisfeita com o decreto declaratório de Serra. Quando a ADUSP saiu, foi desencadeada uma debandada geral em vários cursos, de modo que a greve se manteve forte apenas na FFLCH, FAU, FOFITO e em alguns cursos da ECA. Além disso, na mesma semana, a reitoria lançou forte boataria de que haveria punições aos funcionários, forçando um setor do SINTUSP a defender a desocupação e o fim da greve em troca da garantia das não-punições a alguns sindicalistas.UNICAMP e ARARAQUARA: NOVO ÂNIMOSe há duas semanas o movimento recuava, nesta última semana, a ocupação da DAC na UNICAMP deu nova força ao movimento geral, desencadeando outras ocupações no interior de São Paulo. A desocupação violenta da UNESP de Araraquara também reforçava os indícios de que uma nova onda de mobilizações poderia ocorrer como resposta à repressão policial. E não foi diferente, na USP na última quinta-feira, contrariando todos os prognósticos daqueles que queriam liquidar com a greve e a ocupação, o ato de solidariedade aos estudantes de Araraquara foi um enorme sucesso: participaram mais de 300 pessoas entre funcionários e estudantes, enfrentando a polícia e percorrendo a região do Butantã. O grande ato teve repercussão nacional. Em Franca, da mesma maneira o movimento reagiu. Os estudantes ocupantes que já tinham indicativo de desocupação recuaram em sua decisão, e em solidariedade à ocupação da UNICAMP e aos estudantes de Araraquara, votaram pela continuidade da luta. Também na USP de Ribeirão Preto os estudantes que cogitavam suspender a greve mudaram de idéia e decidiram radicalizar e ocupar a prefeitura do campus. Da mesma forma, em muitos campi da UNESP foram discutidas ações radicalizadas para responder à entrada do choque em Araraquara.Como se vê, a conjuntura dava sinais claros de que era possível responder ao refluxo causado pela traição dos docentes da ADUSP e da ADUNICAMP. Era possível continuar a resistir à pressão de uma reitora e de um governador desmoralizados. No entanto, nada disso foi levado em consideração na assembléia que pôs fim à ocupação da reitoria. Pelo contrário, PSTU, PSOL, LER e PT fecharam os olhos para a movimentação no interior do estado, ignoraram o ato e o confronto com a polícia que havia ocorrido poucas horas antes, fecharam os olhos à situação nacional de ascenso e defenderam a retirada, uma retirada ancorada apenas numa vergonhosa proposta já recusada há mais de 30 dias!Na assembléia o PSTU e o PSOL tiveram a coragem de defender que se votasse a aceitação da carta da reitora antes mesmo de que fosse feita qualquer discussão sobre a conjuntura do movimento estadual e nacional. Para ajudar na sua traição, trouxeram uns professores "notáveis", velhos reformistas já muito conhecidos pelas suas posições confusas e incoerentes, e até sindicalistas experientes de outras categorias, velhos especialistas em furar greve. Armado o grande teatro com a "comissão de facilitação", o grupo de professores intrometidos, que nada tinha a fazer em assembléia de estudantes, tomou a palavra e leu solenemente as propostas ridículas. Como num grande espetáculo de mau gosto, a comissão solene chegou na assembléia como se tivesse em suas mãos a última cartada antes do pelotão de choque. Lido o documento, após o reinício da assembléia, nada mais poderia ser feito. Como num cortejo fúnebre, a assembléia aprovou a carta. Cinqüenta dias de luta, cinqüenta dias de esforço, cinqüenta dias de combate honroso e resistência foram jogados fora pelos traidores de sempre, os traidores de plantão que atuam na USP e a escala nacional, como correia de transmissão da burocracia universitária e do grande capital.ABAIXO A TRAIÇÃO!CONSTRUIR UMA NOVA DIREÇÃO!MOVIMENTO NEGAÇÃO DA NEGAÇÃO!

quinta-feira, 21 de junho de 2007

21 jun - Estasdão Ocupação

17 jun
Estudantes decidem realizar onda de invasões de reitorias
Série de manifestações está marcada só para depois das férias de julho
Ricardo Westin, do Estado
SÃO PAULO - Líderes estudantis decidiram, no fim de semana, que realizarão uma onda de invasões de reitorias e diretorias de universidades públicas de todo o País na primeira quinzena de agosto.
Embalados pela repercussão da ocupação da reitoria da Universidade de São Paulo (USP), que dura 46 dias, os alunos querem levar a outras regiões o protesto contra o que eles chamam de sucateamento do ensino superior público.
A onda de invasões foi aprovada numa plenária estudantil, com universitários de várias regiões do País, realizada na noite de sábado, 16, na reitoria invadida da USP. O período de "ocupações e reocupações", como eles afirmaram, ocorrerá na semana entre 5 e 13 de agosto.
Os estudantes decidiram esperar passar julho, mês em que normalmente há férias.
Na semana passada, seguindo o exemplo da USP, universitários invadiram as reitorias das Universidades Federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Pará (UFPA).
Outra decisão da plenária foi a realização de uma marcha estudantil em Brasília, também em agosto, para pressionar o Congresso e o Ministério da Educação por melhorias no ensino público.
A reitora da USP, Suely Vilela, segundo assessores, decidiu que não haverá negociação com os alunos enquanto o prédio da reitoria não for desocupado. Além disso, ela disse que os invasores - principalmente os funcionários - sofrerão punições. Essas duas decisões vão contra as expectativas dos universitários grevistas, o que deve dificultar ainda mais as negociações.
A reportagem procurou os líderes da ocupação da reitoria, mas eles informaram que até mesmo comentários sobre declarações da reitora precisam ser discutidos em assembléia, antes de serem tornados públicos.
Na USP, a crise tem origem nos decretos que o governador José Serra (PSDB) publicou no início do ano, assim que tomou posse, criando a Secretaria de Ensino Superior e incluindo as três universidades paulistas - USP e Universidades Estaduais Paulista (Unesp) e de Campinas (Unicamp), no interior do Estado - na declaração de gastos diariamente num sistema informatizado de prestação de contas, como fazem os demais órgãos estaduais.
Inicialmente, os reitores viram nos decretos uma ameaça à autonomia universitária. O governador explicou que essa era uma visão equivocada. Os reitores aceitaram a explicação, mas os alunos, não.

IA - 20/06/2007 - Folha online 13h50

Alunos da Unesp realizam ocupação em prédio do campus de São Paulo
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da Folha Online
Cerca de 50 alunos da Unesp (Universidade Estadual Paulista) ocuparam o prédio do Instituto de Artes, localizado no Campus de São Paulo, localizado no Ipiranga (zona sul de São Paulo), na noite de terça-feira (19).
Em nota enviada à imprensa, a direção da universidade afirma que o ato ocorreu na manhã desta quarta-feira e foi uma represália por parte dos alunos devido ao resultado da assembléia realizada pela Adunesp (Associação dos Docentes da Unesp), realizada na terça-feira (19), que pôs fim à greve que se estendia desde o dia 31 de maio.
Segundo a estudante do curso de educação artística da universidade, Lia Aleixo, 29, após a assembléia dos alunos realizada das 13h às 19h, eles decidiram permanecer no prédio e que a informação da presença deles no local só foi divulgada nesta manhã.
Segundo ela, os alunos permanecem no prédio em resposta à ação da Polícia Militar, que acompanhou, na madrugada desta quarta-feira, o cumprimento de um mandado de reintegração de posse expedido pela Justiça contra alunos que ocupavam o prédio da diretoria da Faculdade de Ciências e Letras (FCL) do campus Araraquara (273 km de São Paulo).
Ela confirmou a versão apresentada pela direção da universidade e considerou a decisão dos professores um descumprimento do acordo estabelecido entre eles, e que previa a greve por tempo indeterminado tanto de alunos como de professores. Lia disse ainda que a intenção do grupo é permanecer ao menos até a próxima segunda-feira (25). Na segunda está marcada uma assembléia para avaliar os rumos do movimento. "Todos os professores têm entrada permitida, mas estamos convidando-os a não dar aulas", afirmou a estudante.
Espera
O diretor do Instituto de Artes, João Cardoso Palma Filho, afirmou que registrou um boletim de ocorrência no 17º DP (Delegacia de Polícia), no Ipiranga (zona sul de São Paulo), para dar notícia à ocupação e não de natureza criminal; ou seja, não busca apontar os líderes e responsáveis pelo ato de ocupação, segundo o docente.
O documento, segundo Palma Filho, foi encaminhado ao setor jurídico da universidade, departamento responsável por fornecer um parecer ao docente. Caberá a Palma Filho a decisão de pedir ou não à Justiça a reintegração de posse do prédio. O docente nega que tenha feito o pedido até as 13h40 de hoje. Para ele é razoável aguardar até a próxima segunda-feira. "O clima está tranqüilo. Eu mesmo estou trabalhando, mas as aulas não estão ocorrendo pois os alunos colocaram carteiras nas portas impedindo o acesso", disse. Ele não descartou, porém, solicitar a desocupação à Justiça antes do prazo caso julgue necessário.
Palma Filho negou que estivesse sendo tolerante. "Como é algo que ocorrerá até o final de semana, não tomei medidas mais duras pois acredito que eles [alunos] serão razoáveis e não nos criarão maiores problemas. Estão apenas descontentes pois com a volta dos professores as faltas começam a ser anotadas", afirmou o docente.
Segundo o diretor do Instituto de Artes, estão matriculados 646 alunos na graduação e outros 80 na pós-graduação, divididos em cinco cursos, sendo três licenciaturas e dois bacharelados, além de outros dois programas de mestrado.
Em nota enviada à imprensa nesta terça-feira, o reitor da Unesp, Marcos Macari, afirmou que a reitoria tem participado de reuniões com alunos, docentes e servidores técnicos e administrativos nas suas 32 unidades.
A nota informa ainda que a reitoria apóia as medidas do diretor do Instituto de Artes e que a reitoria está disposta a continuar o diálogo com os alunos, no entanto se recusa a negociar sob o que denominou "coação por meio de recursos violentos".
A desocupação
A desocupação no prédio da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara aconteceu por volta das 2h30 desta quarta-feira. Policiais militares da tropa da choque de São Paulo e da Força Tática do 13º Batalhão de Policiamento do Interior participaram da ação.
O governo estadual informou participaram da ação 180 PMs e os cerca de cem estudantes ocupavam a sala da diretoria da faculdade desde o dia 13 de junho foram encaminhados ao 4º DP de Araraquara.
Apesar de já haver um mandado de reintegração de posse expedido pela Justiça de São Paulo contra os alunos que ocupam o prédio da reitoria da USP (Universidade de São Paulo) desde o dia 16 de maio, ele não havia sido cumprido até as 13h40 desta quarta-feira.
Eles afirmam, em texto publicado no blog que mantém na internet, repúdio ao que consideraram a ação policial no campus de Araraquara. "Repudiamos a política de bater, prender, para não dialogar. Criminalizar a ação política estudantil é uma forma de inviabilizar ainda mais o diálogo democrático, proliferando o medo como forma de governo, o que remete aos anos do regime militar", afirma o texto.

IA- 20/06/2007 - (uol) 12h44

Unesp: Alunos ocupam dependências do Instituto de Artes em SPDa redaçãoEm São Paulo

Cerca de 50 alunos ocuparam na manhã desta quarta-feira (20) diversas dependências do IA (Instituto de Artes) da Unesp (Universidade Estadual Paulista), no campus do Ipiranga, em São Paulo e impediram o retorno às aulas. O ato foi represália à decisão de assembléia de docentes realizada na terça (19), que decidiu o fim da greve iniciada em 31 de maio. Os manifestantes retiraram cadeiras das salas de aula, colocando-as nos corredores e usando-as também como bloqueios nas portas.O IA tem aproximadamente 800 alunos (cerca de 650 de graduação e 150 de pós-graduação).O diretor do Instituto, João Cardoso Palma Filho, registrou ocorrência no 17º Distrito Policial (Ipiranga). Palma considera a ocupação e demais recursos a expedientes violentos um retrocesso em relação às conquistas da sociedade brasileira.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

15/06 - último segundo 08:34

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2007/06/15/estudantes_e_funcionarios_fazem_ato_unificado_nesta_sexta_feira_827313.html

Manifestantes da USP e policiais entram em confronto durante passeata
15/06 - 08:34, atualizada às 18:31 15/06 - Redação com agências


SÃO PAULO - Os estudantes da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade de Campinas (Unicamp), junto aos funcionários em greve, realizam uma manifestação nesta sexta-feira na Avenida Paulista. Por volta das 15h50, cerca de 1200 manifestantes saíram do vão do Masp e irão até a Praça da República. A manifestação passou pela Paulista e pela Rua da Consolação e está em frente à Secretaria Estadual de Ensino Superior, na Rua Guaianazes, no centro. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informa que o ato complica o trânsito na região central.

Conversa Afiada: Estudantes fazem novo ato contra Serra na Paulista; veja ao vivo
Durante a passeata, houve alguns conflitos entre os manifestantes e policiais militares.
O ato tem como objetivo exigir a revogação dos decretos do governo e mais verbas para a educação pública. Os manifestantes saíram do vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), caminharam pela Av. Paulista, Rua da Consolação e já estão em frente à Secretaria Estadual de Ensino Superior, que está isolada por policiais militares.
Indicativo de desocupação
Segundo a assessoria da reitoria ocupada, os alunos enviaram um email na noite desta quinta-feira com as propostas para uma nova reunião. A reitora Suely Vilela está analisando os pontos reivindicados pelos estudantes.
Na última quarta-feira (13) os estudantes da USP, que ocupam o prédio da reitoria desde o dia 3 de maio, divulgaram uma carta aberta à reitoria para apresentar as reivindicações definidas em uma assembléia realizada na terça-feira, quando os manifestantes votaram um indicativo de desocupação.
Segundo a assessoria da universidade, a reitora Suely Vilela ainda aguarda que os pontos elaborados pelos alunos sejam entregues por escrito para que ela possa marcar uma nova reunião. Na noite de quarta, estudantes e funcionários reafirmaram a união dos setores em defesa das reivindicações do movimento.
Prejudicados
A ocupação da reitoria da USP, que hoje completa 43 dias, paralisa processos de concessão de bolsas a alunos, impediu a criação de 200 vagas na Fuvest e interrompeu o início de um novo programa informatizado de matrículas, entre outros prejuízos. A invasão tem deixado sem acesso documentos importantes, em papel ou em arquivo de computador, de todas as pró-reitorias e de outros departamentos que funcionavam dentro do prédio.
Reivindicações
A maior reivindicação dos alunos é a derrubada de cinco decretos do governador do estado, José Serra, que alteram as regras de administração, orçamento, contratação e salários em universidades paulistas.
Essa, porém não é a única reivindicação dos alunos. Eles divulgaram uma lista com 17 pedidos ao governo de São Paulo e à reitoria da universidade.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

14 jun (Estadão)

Falta comunicação entre alunos da ocupação e reitora
Estudantes admitem sair da reitoria, sob condições, mas Suely Vilela diz que não recebeu exigências
Ricardo Westin e Renata Cafardo
A falta de comunicação entre os estudantes em greve e a reitoria tem contribuído para o impasse na crise que já dura 42 dias na Universidade de São Paulo (USP). Anteontem, os alunos admitiram que podem desocupar a reitoria se a universidade atender a pedidos como a não punição dos invasores e uma reforma nos estatutos da instituição. A reitora Suely Vilela, no entanto, diz que não pode debater com os estudantes porque ainda não apresentaram nenhum documento oficial.O documento tem sido pedido pela reitora desde a última reunião de negociação, no dia 4. Suely já afirmou que não pode atender à maioria dos pedidos. A convocação de uma Estatuinte, por exemplo, depende da aprovação do Conselho Universitário. Os estudantes votaram a intenção de desocupação, mas programaram atividades na reitoria no sábado, com um encontro que reunirá universitários de todo o País.REPORTAGEM Os funcionários da USP informaram ontem que abandonam a greve se essa for a decisão dos estudantes. O movimento já havia perdido força no começo da semana, quando professores decidiram abandonar a greve.A informação foi dada por representantes do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo (Sintusp) que participaram de uma entrevista coletiva para contestar uma reportagem publicada pelo Estado no domingo passado, que afirmou que sindicatos e partidos de extrema esquerda estão manipulando os alunos na greve e na invasão da reitoria. “É um absurdo dizer que nosso sindicato manipula os estudantes. O nosso objetivo é o mesmo dos alunos: a derrubada dos decretos (do governo paulista). Isso não está dito, mas o objetivo (do governo) é sucatear e privatizar as universidades públicas estaduais”, afirmou Magno Carvalho, diretor do Sintusp.O descontentamento dos estudantes começou no início do ano, assim que o governador José Serra (PSDB) tomou posse. Primeiro, Serra criou uma secretaria encarregada de cuidar das três universidades (USP, Unesp e Unicamp), a Secretaria do Ensino Superior, e determinou que o secretário seria o presidente do conselho de reitores. Depois, um decreto proibiu qualquer órgão estadual - incluindo as três universidades - de contratar funcionários no início de ano. Além disso, as universidades não receberam parte dos repasses de dezembro. Para concluir, as três teriam de prestar contas de seus gastos diariamente - no Siafem, o sistema informatizado de controle de gastos públicos. As mudanças provocaram a reação imediata das três universidades, que enxergaram nelas uma ameaça à autonomia de administrar os próprios gastos. Os estudantes invadiram a reitoria da USP porque consideraram que a reitora não reagiu como deveria. A entrevista coletiva de ontem, organizada pelo Sintusp, não contou com a presença de líderes estudantis, que haviam votado pela não participação nesse evento dos funcionários. Participaram alunos ligados aos partidos PSTU e PCO e à central Conlutas. O evento ocorreu no auditório do Conselho Universitário, que também foi invadido. Durante uma hora e meia, eles rechaçaram as informações publicadas pelo Estado. Disseram que o objetivo do jornal, ao citar a influência de partidos e sindicatos no movimento estudantil, é “semear uma confusão deliberada” para “deixar a sociedade contra a universidade”. Eles ameaçaram pedir aos tribunais um direito de resposta.Amanhã, as associações de funcionários, professores e estudantes da USP, da Unesp e da Unicamp participarão de uma manifestação na Av. Paulista.UNESP E UNICAMPCerca de 50 alunos invadiram ontem a diretoria na Faculdade de Ciências e Letras da Unesp em Araraquara. Eles se diziam inconformados com o fim da greve dos professores, determinado anteontem. O diretor da faculdade, Cláudio Gomide, entrará com pedido de reintegração de posse na Justiça hoje se não houver a desocupação do prédio.Na Unicamp, professores e funcionários farão hoje de manhã uma assembléia para decidir se mantêm a greve. CONDIÇÕES PARA DESOCUPAÇÃOA não punição de estudantes e funcionários envolvidos nas atividades políticas de greve e da ocupaçãoRealização de audiência pública para discutir o Inclusp, o programa de inclusão socialO reconhecimento da legitimidade do 5.º Congresso-Geral da USP, com pauta única: o Estatuinte, que será organizado a partir de uma comissão paritária composta de professores, estudantes e funcionários. O congresso deverá apontar as diretrizes para um novo estatuto da universidade Manutenção de todos os pontos da última contra-proposta da reitoria, que são:Oferecer café da manhã e almoço aos domingos no restaurante central no campus ButantãReestruturação do transporte de ônibus circular nos finais de semana no campus Butantã Quanto ao processo de cancelamento de matrículas, a reitoria propõe-se a retirá-lo do Conselho Universitário, retornando-o ao Conselho de Graduação para reanáliseCriação de comissão formada por 8 docentes e 8 alunos e/ou funcionários, que analisará e apresentará propostas sobre demais itens da pauta de reivindicações

14/06/2007 (UOL) 18h52

Unesp de Araraquara entra com pedido de reintegração de posseDa redaçãoEm São Paulo

A Unesp (Universidade Estadual Paulista), em Araraquara, entrou com pedido de reintegração de posse nesta quinta (14). Na quarta-feira (13), cerca de 50 alunos invadiram e ocuparam a diretoria da FCL (Faculdade de Ciências e Letras) do campus. O diretor da faculdade, Cláudio Gomide, que conseguiu sair do local apesar da tentativa dos invasores de impedi-lo, registrou boletim de ocorrência policial e disse, ainda na quarta, que entraria com pedido de reintegração de posse na Justiça nesta quinta (14).A direção da FCL divulgou nota na quarta em que disse: "além de buscar a liberação do funcionamento da unidade e o livre acesso de seus servidores ao trabalho, as medidas administrativas tomadas caracterizam não só a preservação do patrimônio público mas também o respeito à decisão da assembléia de docentes, da mesma forma que respeitou a decisão em assembléia pela greve há cerca de 15 dias".Segundo informações da Folha de S.Paulo, a pauta dos alunos segue as reivindicações unificadas dos estudantes das três universidades estaduais, como a revogação de decretos do governo Serra (PSDB) que colocariam em risco a autonomia universitária. A diretoria da Unesp atribuiu a invasão ao fim da greve dos docentes no campus. Em São Paulo, a ordem de reintegração de posse da reitoria da USP (Universidade de São Paulo) foi expedida no dia 16/5, a pedido da reitora da universidade, mas a Polícia Militar ainda não a cumpriu.Fim em PrudenteNo campus de Presidente Prudente, o grupo de universitários que ocupam o prédio da administração desde o dia 29 decidiram nesta quinta, em assembléia, que irão desocupar o local nesta sexta (15), às 8h. A diretoria fará um vistoria no prédio e pretende retomar as atividades às 10h. Há ainda grupos ocupando, desde o fim de maio, salas nos campi de Ilha Solteira, Assis, Franca e Rio Claro.As informações são da assessoria de imprensa da Unesp

14/06/2007 (UOL) 18h07

Termina greve dos professores da UnicampDa redação Professores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) votaram nesta quinta (14), em assembléia, o fim da greve parcial iniciada em 24 de maio. Segundo informou o vice-presidente da Adunicamp (Associação dos Docentes da Unicamp), Edmundo Fernandes Dias, uma das mais importantes vitórias da categoria foi o recuo do governo do Estado em decretos que, na opinião dos docentes, afetavam a autonomia da universidade."Ainda assim, ficam questões de como vamos lutar daqui pra frente pela defesa da universidade pública paulista, questões pendentes do ponto de vista de infra-estrutura, do ponto de vista da ligação da Secretaria de Ensino Superior com os interesses do sistema privado", afirmou Dias. "Acabamos com a greve, mas não com a defesa da universidade pública paulista."Os alunos da Unicamp também se reuniram em assembléia. O resultado, porém, foi pela continuidade da greve. A universidade registra paralisação estudantil em ao menos 12 dos 58 cursos. A greve começou no dia 16 em dois institutos. Segundo informou Diego Machado de Assis, 21 anos e um dos representantes do Diretório Central do Estudantes, os alunos pedem 33% do Orçamento do Estado em 2008 em verbas para a educação, 11,6% para universidades estaduais.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

13 de junho (Estadão) - 04:18

Ocupação da reitoria da USP entra no 42º dia
Nova assembléia acontece nesta quarta-feira, 13, às 10 horas
Ricardo Valota
SÃO PAULO - Mesmo com o término da greve dos professores, anunciada na noite de segunda-feira, 11, a ocupação do prédio da reitoria da Universidade de São Paulo (USP), no Butantã, zona oeste da capital, prossegue. A decisão foi tomada pelos estudantes, no início da madrugada desta quarta-feira, 13.
Durante a assembléia, que reuniu cerca de 400 alunos ficou decidido que a ocupação vai continuar. Na votação, os alunos aprovaram um indicativo com 17 itens que integram a pauta de reivindicações.
Segundo os alunos, caso a reitora Suely Vilela aceite todos os pedidos, eles desocupam o imóvel de forma pacífica.
A ocupação entra hoje no 42º dia. Uma nova assembléia acontece às 10 horas, segundo a comissão estudantil.

13 jun (Estadão)

Saída da reitoria pode ser decidida em reunião nesta quarta
Na assembléia de terça, estudantes aprovaram indicativo de desocupação
Ana Carolina Moreno e Renata Cafardo
SÃO PAULO - Cerca de 200 estudantes da Universidade de São Paulo (USP) decidiram em assembléia na noite de terça-feira, 12, aprovar um “indicativo de desocupação” da reitoria com uma série de condições que serão apresentadas à reitora Suely Vilela em reunião ainda sem data definida.
Foi a primeira vez que uma plenária do grupo de alunos que apóia a ocupação ao menos sinaliza que admite o fim do protesto, que já dura 41 dias. Um novo encontro para decidir as reivindicações que serão apresentadas à reitora estava marcado para a manhã desta quarta, mas foi adiado.
Se a reitora aceitar as condições, nova assembléia, também sem data marcada, votará se a ocupação realmente termina ou não. Entre as condições discutidas na terça à noite estão a não punição dos alunos que ocuparam o prédio no dia 3 de maio e a convocação de uma Estatuinte - um congresso com representação paritária da comunidade acadêmica para definir mudanças no Estatuto da USP. Além disso, que a reitora mantenha a posição de atender às reivindicações já feitas e promova um simpósio sobre políticas afirmativas na instituição.
De manhã, o secretário estadual de Educação Superior, José Aristodemo Pinotti, havia qualificado os alunos da USP como “privilegiados” que “deveriam colocar a mão na consciência” para refletir sobre a invasão. Para Pinotti, eles não deveriam reclamar tanto de moradia, alimentação ou outros subsídios porque já recebem esses benefícios em quantidade suficiente, diferentemente do que ocorre com os estudantes pobres de universidades particulares, que não têm direito a nada. “Acho que eles têm de abandonar essa causa inexistente, sair de lá e deixar a universidade trabalhar.”
A criação pelo governo José Serra da secretaria chefiada por Pinotti foi um dos motivos para o início do movimento dos alunos. Eles acreditam que a pasta vai interferir na autonomia universitária e pedem a demissão do secretário. Apesar das declarações, Pinotti defende que o governo e a reitora Suely Vilela continuem dialogando com os estudantes.
Na terça, Pinotti participou do evento “O desafio da educação para transformar o Brasil”, que reuniu 220 presidentes de empresas nacionais e multinacionais para fazer perguntas e homenagear o ministro da Educação, Fernando Haddad. Uma das questões formuladas ao ministro foi justamente sobre a situação na USP. “O governador estendeu a mão para o diálogo”, disse o ministro sobre o decreto declaratório. “Acredito que está havendo um amadurecimento disso na USP, lentamente, mas está ocorrendo. Esse gesto do governador precisa ser considerado em toda a sua plenitude.”
O Sindicato dos Funcionários da USP (Sintusp) protocolou, na terça, na reitoria um pedido oficial de negociação com Suely Vilela. Segundo o presidente da entidade, Magno de Carvalho, a intenção é mostrar que o Sintusp não está criando um “impasse”.
Também na noite de terça, o Fórum das Seis, entidade que congrega as associações de funcionários e professores da USP, Unesp e Unicamp, se reuniu para discutir estratégias de negociação com os reitores. A próxima rodada de negociação foi marcada para segunda-feira, em Campinas.
Aulas
Apesar do fim da greve dos professores na USP, decidida em assembléia na segunda-feira, 11, algumas unidades não retomaram suas atividades normais na terça.
Na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), os alunos colocaram barricadas de carteiras e trancaram algumas salas para impedir que as aulas fossem dadas. “Como acabou a greve dos professores, vim para cá achando que ia ter aula”, disse, frustrada, a estudante Patrícia Factore, de 20 anos. Ela encontrou sua sala trancada e, ontem pela manhã, estudava no corredor.
Na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), as aulas eram normais. “Se a gente fizer greve aqui leva falta”, disse Thais Burin, de 19 anos. Segundo ela, há alunos na FEA que apóiam a mobilização dos estudantes, mas desaprovam a ocupação da reitoria.
Texto alterado às 11h48 para acréscimo de informações.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Opinião pública

OPINE: Você concorda com a ocupação na reitoria da USP?

SÃO PAULO - A ocupação dos alunos na reitoria da Universidade de São Paulo (USP), que já dura 19 dias, mistura várias reivindicações: a principal é um repúdio a ações do governador José Serra, que vinculou as universidades estaduais a uma Secretaria de Ensino Superior, criada neste ano. Além disso, ele submeteu o orçamento delas ao sistema de contas do Estado, o Siafem, o que foi entendido por parte da comunidade acadêmica como interferência na autonomia universitária.
Os secretários de Ensino Superior e de Planejamento, José Aristodemo Pinotti e Francisco Vidal Luna, refutaram a acusação, alegando que o governo apenas quer que a USP, a Unicamp e a Unesp coloquem suas contas no Sistema Eletrônico de Execução Orçamentária a exemplo do que fazem a Assembléia Legislativa, o Tribunal de Justiça e o Ministério Público, sem que isso fira a autonomia das instituições.
Você acredita que os decretos do governo interferem na autonomia das universidades públicas? Na sua opinião, a ocupação da reitoria pelos alunos é um jeito válido de apresentar suas reivindicações?
Clique aqui, dê sua opinião e leia outros comentários

http://forum.estadao.com.br/forum/materia/prepare

12 jun Estadão

Professores da USP encerram greve e estudantes vaiam
Secretário da Justiça diz que movimento estudantil não está isento de cumprir a lei; ocupação completa 40 diasParticipe do fórum e opine
Renata Cafardo e Elizabeth Lopes
Os professores da Universidade de São Paulo (USP) decidiram ontem encerrar a greve que haviam começado no dia 23 de maio. O fim da paralisação pode enfraquecer o movimento dos alunos, que estão parados desde o dia 16 e tomaram a reitoria da instituição há 40 dias. A assembléia que aprovou a suspensão da paralisação dos docentes foi marcada por tumulto envolvendo estudantes contrários à decisão.Ontem, em entrevista coletiva, o secretário estadual de Justiça e Defesa da Cidadania, Luiz Antônio Marrey, disse que o governo prepara uma nova ofensiva para resolver o impasse da ocupação da reitoria da USP. De acordo com o secretário, é um engano achar que qualquer pessoa no País tem imunidade para praticar algum crime e a situação ficará por isso mesmo. “Não é porque é movimento estudantil que está isento de cumprir a lei”, advertiu. O secretário também afirmou que o governo estuda o uso da força para desocupar o prédio. “O Estado é quem tem o monopólio do uso da força num regime democrático e deve fazê-lo dentro desses limites. Está ficando claro que, não havendo outra solução, isto acontecerá.”Segundo ele, o governo tem feito de tudo para resolver a situação pacificamente, mas “está evidente que se trata do seqüestro da reitoria por grupos minoritários”. “Tudo isso tem um limite”, completou.O governador José Serra também se pronunciou ontem sobre o assunto. Para ele, a sociedade já percebeu que se trata de um “movimento sem nenhum propósito com relação ao ensino”. Serra ainda comentou a participação de partidos de extrema esquerda na ocupação dos estudantes, como mostrou a reportagem de domingo do Estado. “Há um aparelhamento indiscutível junto com a atuação do sindicato dos funcionários, que não é o dos estudantes. E que tem a liderança, de fato, operacional de todo esse processo.”ASSEMBLÉIASApesar do fim da greve na USP, os professores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) aprovaram ontem a continuidade da paralisação. Os docentes da Universidade Estadual Paulista (Unesp) só divulgarão hoje o resultado das várias votações realizadas pelas unidades no interior.Funcionários da USP aprovaram ontem também a continuidade da greve, que começou no dia 16. As categorias das três universidades pedem reajuste salarial de 3,17% mais R$ 200 de parcela fixa. Os reitores ofereceram 3,37% e estudam outro aumento em outubro caso haja excedente na arrecadação do ICMS neste ano.Segundo o vice-presidente da Associação dos Docentes da USP (Adusp), Francisco Miraglia, a paralisação foi suspensa porque parte das reivindicações foram atendidas, como o reajuste salarial e garantia da autonomia dada pelo decreto declaratório do governador Serra. Miraglia não acredita que o fim da greve dos professores vá prejudicar o movimento dos alunos.AGRESSÃOOntem, depois da aprovação da suspensão da greve na USP, alguns estudantes presentes vaiaram a decisão. O repórter fotográfico da Folha de S.Paulo Rodrigo Paiva foi agredido ao tentar fotografá-los.Os alunos terão nova assembléia hoje, às 18 horas, para definir o rumo da ocupação da reitoria. No blog da invasão, na internet, os estudantes publicaram uma Declaração à Sociedade sobre o decreto declaratório de Serra. Eles dizem que o documento foi “fruto direto da força de nossa mobilização”. Mas ainda defendem o fim da Secretaria de Ensino Superior e a saída do chefe da pasta, José Aristodemo Pinotti.

revista VEJA junho

http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/perguntas_respostas/crise_usp/index.shtml

A mais prestigiosa instituição de ensino superior do país e uma das mais concorridas – no último vestibular, houve 142.656 candidatos para 11.682 vagas – começou a viver um drama em 3 e maio de 2007. Naquela tarde, a reitoria da Universidade de São Paulo (USP) foi invadida e ocupada por cerca de 300 de seus quase 80.600 alunos – menos de 0,5% do total. Com uma lista de reivindicações sem foco específico, o grupo ali se estabeleceu, e recebeu o apoio dos funcionários da universidade. Estes entraram em greve duas semanas depois, paralisando os serviços oferecidos à comunidade uspiana. No dia seguinte, foi a vez de uma assembléia representando os estudantes da universidade declarar que eles também estavam em greve. Por fim, no dia 23 de maio, a última categoria que permanecia ativa também cruzou os braços – os professores, por meio da Associação dos Docentes da USP (Adusp).

1. Por que alunos invadiram a reitoria?
Com o intuito de discutir uma pauta de reivindicações estudantis – algumas relacionadas a decretos sobre a administração universitária promulgados pelo governador de São Paulo, José Serra, entre janeiro e março de 2007, ou seja, dois meses antes – foi marcada uma reunião entre um grupo de alunos e a reitora da USP, Suely Vilela. Suely não compareceu, e a reitoria não enviou nenhum representante para o encontro. Em protesto, estudantes dirigiram-se ao prédio do órgão, destruíram uma porta, depredaram as placas de identificação de algumas salas do edifício, e por ali ficaram. Aproveitaram-se, desde então, da falta de pulso da reitora para retirá-los dali e da grande exposição midiática que geraram, para permanecerem no local e rejeitarem qualquer proposta de negociação. Nem um mandado de reintegração de posse expedido pela Justiça em 16 de maio comoveu os invasores. Embora os cerca de 200 ocupantes protestem contra a política educacional do governo Serra, há também uma série de outras reivindicações dispersas e oportunistas.


2. Contra o que protestam invasores e grevistas?
Tanto o grupo que tomou a reitoria quanto os funcionários e professores grevistas pedem, principalmente, a revogação de cinco decretos assinados pelo governador paulista no início do seu mandato, que reorganizam a gestão – política e financeira – das três universidades estaduais de São Paulo (além da USP, Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp; e Universidade Estadual Paulista, a Unesp). Como é comum neste tipo de manifestação, no entanto, as três categorias universitárias acrescentaram a este pedido uma série de outras reivindicações. Do aumento salarial pedido por funcionários e docentes, até a abertura dos bandejões – os restaurantes universitários que oferecem refeições subsidiadas – nos finais de semana, há exigências para todos os gostos. Os decretos de Serra funcionam apenas como ponto de convergência dos três grupos.


3. O que determinam os polêmicos decretos do governador paulista?
Um dos principais alvos das críticas é o decreto 51.460 do governador de São Paulo, que criou a Secretaria de Ensino Superior, à qual as universidades paulistas estaduais (USP, Unicamp e Universidade Estadual Paulista, a Unesp) estão agora vinculadas. Antes, elas eram ligadas à extinta Secretaria de Ciência e Tecnologia, que comandava também instituições de pesquisa como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Agora, ficaram submetidas a um órgão exclusivo, com poder teórico para implementar políticas e diretrizes próprias.
O segundo decreto mais atacado pelos manifestantes é o 51.636, que obriga as três universidades a prestar contas de seus gastos diariamente no Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios (Siafem), ferramenta disponível na internet em que o contribuinte paulista pode acompanhar o uso de seu dinheiro. Antes do decreto, esta prestação era mensal e incompleta. O mesmo decreto estabeleceu que contratos de serviços e compras de materiais e equipamentos acima de 5 milhões de reais feitos pelas universidades devem ser aprovados pelo governo. Por fim, há o decreto 51.660, que criou a Comissão de Política Salarial, vinculada diretamente ao governador do estado. Como o nome indica, ela determina as regras de política salarial para os servidores públicos.
No dia 31 de maio, Serra publicou ainda um decreto declaratório, o número 1 de sua gestão, apenas para "eliminar as interpretações reiteradamente equivocadas" sobre os textos anteriores que tratavam da autonomia universitária paulista. Este último decreto não mudou em nada o que propunham os anteriores.


4. O que é autonomia universitária?
Autonomia universitária é um princípio consagrado pela Constituição Nacional de 1988, em seu artigo 207, que estabelece que as universidades brasileiras têm o direito de decidir, por si próprias, como irão trabalhar. Seja no âmbito didático-científico, seja sobre questões administrativas e de gestão financeira e patrimonial. Esta autonomia, no entanto, não pode ser entendida como um direito de professores, alunos e funcionários de fazerem com as universidades o que quiserem. Ela é um instrumento para que as universidades possam cumprir suas funções dentro da sociedade: o desenvolvimento pessoal de seus integrantes, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho, conforme dita o artigo 205 da Constituição. A autonomia universitária é uma forma de garantir que estes objetivos sejam cumpridos sem a interferência de outros interesses que não tenham relação com eles. Daí inclusive a importância da autonomia de gestão financeira e patrimonial, e não só da didático-científica – não há livre pensar se as decisões administrativas forem tomadas fora da universidade.


5. Os decretos de Serra ferem esta autonomia?
Não. Para os grevistas e invasores da reitoria da USP, a criação da Secretaria de Ensino Superior, com supostos poderes para implementar políticas educacionais próprias, é uma afronta a esta autonomia, uma vez que decisões que dizem respeito à USP poderiam, em tese, ser tomadas fora dela. No entanto, os reitores das três universidades paulistas foram a público em 17 de maio para dizer, em nota, que não viam risco à autonomia em nenhum dos decretos de José Serra. Mesmo na questão do controle financeiro foram colocados panos quentes. Uma declaração dada pelo chefe da nova secretaria, José Aristodemo Pinotti, que remanejamentos de verbas entre os três grupos orçamentários dessas universidades (pessoal, investimento e custeio) precisariam ser aprovados pelo governador, ao contrário do que acontece hoje, despertou uma celeuma no meio acadêmico. Caso isso se confirmasse, decisões corriqueiras como a de realocar dinheiro previsto para a compra de material na contratação de um novo professor seriam obrigatoriamente submetidas a Serra, burocratizando o processo. O governo se apressou em apagar o incêndio, e prometeu definir ”em entendimento com os reitores, um regime adequado de remanejamento de dotações orçamentárias, que atenda às peculiaridades de sua organização". A publicação do decreto declaratório n.º 1 em 31 de maio ratificou esta promessa, e reiterou a autonomia das universidades paulistas.


6. As universidades estaduais paulistas prestam contas de seus gastos ao governo?
Sim. Cada uma das três universidades paulistas têm maneiras próprias de apresentar seus gastos ao estado. No caso da USP, todas as operações financeiras são controladas por meio de um sistema próprio chamado Mercúrio, de onde podem ser obtidos os dados sobre o quanto é gasto com o quê. Além disso, as contas da universidade são periodicamente auditadas pelo Tribunal de Contas do estado de São Paulo, além de serem enviados balanços à Secretaria da Fazenda do estado. Há ainda, anualmente, a publicação de um anuário estatístico, que mostra ao público como é empregado o dinheiro que a USP recebe. Ademais, a prestação de contas ao Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios (Siafem) já é feita mensalmente, mas sem discriminações específicas. A partir dos decretos do governo Serra, ela passa a ser feita em tempo real, a cada centavo gasto, paralelamente àquela que já é feita pelo sistema Mercúrio.


7. A revogação dos decretos de Serra é a única reivindicação dos invasores?
Não. Mesmo que tenham funcionado como força motriz do bando que invadiu e acampou na reitoria, eles se aproveitaram da situação para apresentar uma extensa lista com dezessete exigências, boa parte delas oportunistas. Sua pauta inclui eleições diretas para reitor, contratação imediata de professores e funcionários, construção de prédios, reforma de outros, liberdade de manifestação política (panfletagem, colagem de cartazes etc.) e cultural (realização de festas e festivais), e por aí vai. Pedem também a abertura dos bandejões e a circulação de ônibus nos fins de semana, além da construção de mais 600 vagas no Crusp, o edifício para moradia na Cidade Universitária. Querem que nenhum dos invasores sofram represálias por terem tomado a reitoria, e demandam ainda o abrandamento da regra de jubilação, para que possam permanecer mais tempo na universidade.


8. Quanto custa aos cofres públicos um aluno da USP?
Segundo o Anuário Estatístico da USP de 2006, o orçamento executado em 2005 pela universidade foi de aproximadamente 1, 9 bilhão de reais, para 80.589 alunos. A simples divisão de um número pelo outro indica que, naquele ano, cada estudante custou pouco mais de 23.500 reais aos cofres públicos. Este dinheiro vem de uma parcela fixa do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do estado – 9,57% – que é repassada às universidades de São Paulo. Em 2006, isso representou 4 bilhões de reais. Na USP, um quinto do orçamento de custeio é destinado à assistência estudantil, o que inclui moradias, subsídios à alimentação, consultas médicas, transporte e diversos tipos de bolsa de auxílio.


9. Quem sai prejudicado numa greve de estudantes?
Em 17 de maio, numa assembléia realizada à noite que reuniu ralos 2,5% do corpo discente da USP, decidiu-se que os alunos da universidade também entrariam em greve. Na prática, a paralisação aconteceu nas unidades que sempre param quando há greve estudantil: na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), na Escola de Comunicações e Artes (ECA) e na Faculdade de Educação. Nos demais departamentos, houve interrupções parciais. Os primeiros prejudicados por uma paralisação deste tipo são os próprios estudantes, que têm que replanejar todas as suas atividades letivas e alterar um calendário pré-definido e apertado. Para compensar as aulas e trabalhos perdidos, a carga horária de muitos deve dobrar quando a greve acabar. Na prática, entretanto, o que acontece é que muitos professores criam um cronograma de reposições incompleto, ou mesmo dão o semestre letivo por encerrado – aprovando até os alunos que não freqüentaram as aulas ou não produziram nenhum tipo de material a ser avaliado. Além de o poder de persuasão de uma greve estudantil ser altamente duvidoso, quem perde também, no fim, é a própria sociedade, forçada a financiar uma estrutura que não é usada para o seu devido fim. Ao exigirem ações assistencialistas cada vez mais amplas e prolongarem ao infinito sua estadia na universidade, os manifestantes tornam eterna uma fase da vida que deveria ser curta (a da graduação), e gastam recursos que poderiam estar sendo usados na abertura de novas vagas nas faculdades públicas – uma exigência dos próprios grevistas, que não se cansam de pedir a tal “universidade pública, gratuita e de qualidade para todos”.


10. Por que os funcionários entraram em greve?
Um dia antes dos estudantes, em 16 de maio, por meio do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), os servidores da universidade – não todos – aproveitaram-se da confusão causado pela ocupação estudantil da reitoria e também cruzaram os braços. Para justificar a interrupção das atividades, uniram-se aos invasores no discurso contra os decretos de Serra. Para se afirmarem como categoria independente, reivindicaram também um aumento indiscriminado de 200 reais, e mais um reajuste salarial de 3,15% a todos os funcionários e professores da USP, Unesp e Unicamp, a título de correção pela inflação de 2006. O que pouco se falou foi que, religiosamente, em todo mês de maio, os funcionários da USP iniciam uma campanha por aumento salarial, e estão sempre prontos a entrar em greve ao menor sinal de resposta negativa. Falta-lhes apenas um pretexto, o que nunca foi difícil de se arranjar.


11. E por que os professores também o fizeram, uma semana depois?
Novamente a decisão foi tomada em uma assembléia de um órgão que representa a categoria – no caso dos professores, a Associação dos Docentes da USP (Adusp). Na ocasião, estavam presentes cerca de 300 docentes. A USP tem mais de 5.000, muitos dos quais continuaram a dar aulas. Além da crítica aos decretos do governo e do pedido de reajuste salarial de 3,15%, a categoria também apresentou pautas específicas. A Adusp pediu a retirada de um projeto de previdência do Executivo e mais investimento do estado em educação. Da parte de alguns professores, houve ainda a reclamação de que a passagem de instituições de pesquisa, como a Fapesp, para o comando da Secretaria de Desenvolvimento de São Paulo retiram delas a sua “vocação educacional”, comprometendo assim a chamada pesquisa pura, livre de interesses mercadológicos.


12. Esta é a única manifestação do tipo ocorrida na USP nos últimos anos?
Não. Em 2005 houve uma greve de pouco mais de 20 dias de funcionários e professores, que protestavam contra uma decisão do então governador Geraldo Alckmin de vetar uma medida que garantiria mais dinheiro para as universidades paulistas. Foi um movimento sem muita força, e que não resultou em nada. Já em 2004, houve uma greve maior e mais séria, de novo capitaneada por servidores e docentes, e apoiada por alguns estudantes. E novamente, o movimento era por mais verbas para a USP – negadas pelo governo. Antes desta, aconteceu na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) uma greve de alunos em 2002. Pela contratação de 300 novos professores, as aulas foram interrompidas e muitos estudantes chegaram a acampar por dias na avenida que margeia a faculdade. Conseguiram, ao fim, 92 novos docentes para a unidade. Por fim, em 2000 houve também uma grande greve de funcionários, professores e alunos, com direito até a uma curta e inócua invasão da reitoria. Com cinco paralisações nos últimos sete anos, já há quem defenda a inclusão de uma greve anual no calendário letivo oficial da universidade, de tão freqüentes que se tornaram estes movimentos.

12 jun (Folha online) 16h11

Estudantes e funcionários pedem à reitora reabertura de negociaçõesPublicidade
da Folha OnlineEstudantes e servidores da da USP (Universidade de São Paulo) enviaram nesta terça-feira ofícios à reitora Suely Vilela pedindo a reabertura das negociações a respeito da pauta de reivindicações formulada por eles. Os estudantes ocupam o prédio da reitoria desde o dia 3 de maio. Hoje, às 18h, eles realizam uma assembléia para decidir se mantêm ou não a ocupação.Segundo a diretora do Sintusp Neli Wada, na quarta-feira, às 17h, os alunos e servidores que ocupam o prédio realizarão uma entrevista coletiva do prédio do CO (Conselho Universitário) --que fica dentro da reitoria ocupada. Se efetivada, será a primeira vez que a concessão é feita de forma conjunta à imprensa que cobre a manifestação. O acesso ao local é liberado para alunos, servidores e professores, mediante identificação.O tema a ser discutido, segundo a dirigente sindical, será um posicionamento oficial deles a respeito das declarações do governador José Serra (PSDB) e o secretário de Justiça, Luiz Antonio Guimarães Marrey.Integrantes da comissão de imprensa da ocupação foram procurados para comentar o assunto. O estudante Carlos Gimenez indicou Alba Marcondes para falar a respeito, no entanto, ela não foi localizada por meio de seu telefone celular. Um recado foi deixado na caixa postal do celular da estudante, mas não houve resposta até as 16h de hoje.Em assembléia realizada nesta segunda-feira (11), os funcionários da USP decidiram manter a greve iniciada no último dia 16 de maio em solidariedade à greve dos alunos que ocuparam o prédio da reitoria. Ainda ontem, por volta das 13h, os professores decidiram suspender a greve iniciada no dia 23 de maio.Procurada na manhã desta terça, a assessoria de imprensa da reitoria da USP informou que, apesar da volta dos professores ao trabalho, as aulas estavam suspensas em algumas unidades onde os alunos permanecem em greve. A Secretaria Geral da universidade iria fazer o levantamento em todas as unidades para avaliar a adesão às aulas.Procurada, a assessoria de imprensa não soube informar se de fato os ofícios com os pedidos de reabertura de negociações haviam de fato sido feitos e se a reitora iria atendê-los.

11 jun (Folha online) 14h29

Professores da Unicamp decidem manter paralisação
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da Folha Online
Em assembléia realizada nesta segunda-feira, os professores da Unicamp (Universidade de Campinas) decidiram manter a paralisação iniciada há 19 dias. Em assembléia paralela, os docentes da USP (Universidade de São Paulo) optaram por suspender o movimento.
Em Campinas (95 km a noroeste de São Paulo), a assembléia dos professores ocorreu no auditório da Adunicamp (Associação de Docentes da Unicamp). Os números da votação ainda não foram oficialmente informados pela associação. A próxima reunião foi marcada para quinta-feira (14).
Na USP, os professores decidiram suspender a greve, de acordo com o presidente da Adusp (Associação dos Docentes da USP), César Minto, por classificarem que a publicação do ato declaratório do governador José Serra (PSDB) em relação aos decretos publicados no início deste ano foi um avanço nos diálogos entre governo e universidades.
No ato, além de prestar esclarecimentos, Serra garante a autonomia universitária, o que foi interpretado por alguns docentes da USP como um recuo.
Os professores da USP suspenderam a greve também pelo avanço nas negociações salariais com o Cruesp (Conselho dos Reitores das Universidades do Estado de São Paulo).
O Fórum das Seis --entidade que integra os servidores e funcionários das três universidades paulistas: USP, Unesp (Universidade Estadual Paulista) e Unicamp (Universidade de Campinas)-- conseguiu do Cruesp a garantia de que fariam acompanhamento rígido da arrecadação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do Estado, fonte financeira de repasse às universidades.
Reitoria ocupada
Embora os professores da USP tenham suspendido da greve, os alunos mantêm a ocupação do prédio da reitoria, iniciada no último dia 3 de maio. O grupo deve realizar uma reunião na noite desta segunda-feira para discutir a ocupação. Na terça-feira (12) eles realizam uma nova assembléia, às 18h, para decidir ser permanecem no local.

11 jun (folha online) 09h48

Docentes da USP se reúnem hoje para decidir se greve continua
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ROGÉRIO PAGNANda Folha de S.Paulo
Os professores da USP se reúnem em assembléia na manhã desta segunda-feira, na Faculdade de Geografia em São Paulo, para discutir se terminam ou não a greve parcial que já dura 19 dias.
Na semana passada, foi aprovado um indicativo para o fim da manifestação. Segundo professores ouvidos, esse indicativo deve ser concretizado hoje, já que não houve mudanças do cenário desde quarta-feira.
O início das aulas caberá, porém, ao resultado da discussão que ocorrerá hoje.
Também serão debatidas outras formas de manifestações que poderão ser realizadas na campanha de melhorias das condições de ensino.
Para o vice-presidente da Adusp (associação dos professores) Francisco Miraglia, as vitórias conquistadas são suficientes para a suspensão da paralisação. Ele citou a publicação do decreto declaratório pelo governador José Serra (PSDB) e o reajuste salarial de 3,37%, oferecido aos professores e funcionários.
O fim da greve dos professores enfraquece, teoricamente, o movimento dos alunos que invadiram a reitoria da USP há 39 dias que querem --numa lista de 16 itens- a derrubada de decretos do governo estadual.
Esse enfraquecimento ocorreria porque uma das principais bandeiras dos manifestantes é a busca do apoio dos trabalhadores, questão que eles dizem espelhar nos movimentos estudantis franceses.
Francisco Miraglia afirmou que o enfraquecimento do movimento dos estudantes não deve ocorrer porque eles teriam "energia autônoma".

11 jun (Folha online) 13h32

Professores da USP decidem suspender greve PublicidadeCLAYTON FREITASda Folha Online
Os professores da USP decidiram, em assembléia realizada nesta segunda-feira, suspender a greve iniciada no último dia 23 de maio. Os docentes voltam a trabalhar amanhã (12). A assembléia ocorreu no auditório do departamento de Geografia da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) da USP (Universidade de São Paulo) e reuniu cerca de 150 professores.
Em assembléia paralela, os docentes da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) optaram por manter o movimento.
A indicação de que a greve dos professores da USP seria suspensa foi decidida na assembléia realizada no último dia 4. A avaliação dos professores, segundo revelou à época o presidente da Adusp (Associação dos Docentes da USP), César Minto, era a de que houve um avanço após a publicação no dia 31 de maio do ato declaratório do governador José Serra (PSDB) em relação aos decretos publicados no início deste ano.
No ato, publicado no "Diário Oficial" do Estado, Serra garantiu a autonomia universitária e esclareceu alguns pontos dos decretos, o que foi interpretado por alguns docentes da USP como um recuo do governo.
Outro ponto levado em consideração pelos professores para votar o que pode representar o fim da greve foi o que consideram o avanço em relação às negociações salariais com o Cruesp (Conselho dos Reitores das Universidades do Estado de São Paulo).
O Fórum das Seis --entidade que integra os servidores e funcionários das três universidades paulistas: USP, Unesp (Universidade Estadual Paulista) e Unicamp-- conseguiu do Cruesp a garantia de que fariam acompanhamento rígido da arrecadação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do Estado, fonte financeira de repasse às universidades.
Além disso foi marcada uma nova reunião, em outubro, para avaliar se será possível ou não avançar nas negociações a respeito da incorporação de um valor fixo de R$ 200 ao salário dos servidores.
A decisão da Adusp é a de continuar debatendo as reivindicações mesmo não estando em greve. Os docentes decidiram voltar a trabalhar só amanhã para terem tempo de avisar os alunos.
Sindical
Enquanto os professores decidem suspender o ato de greve, os alunos que ocuparam o prédio da reitoria no dia 3 de maio permanecem no local. Aos moldes do que vêm fazendo desde que se instalaram no local, os alunos programam uma série de atividades.
A novidade é que agora o grupo assumiu discussões inclusive sindicais, de grupos alheios à universidade. No blog que mantêm na internet, os alunos informam que farão uma discussão a respeito das fábricas ocupadas e discutirão o que consideram "repressão na fábrica Cipla" de Joinville (SC). A fábrica de materiais de construção havia sido ocupada por funcionários e eles foram retirados de lá por policiais.
Hoje, às 22h, os alunos realizam uma outra reunião, desta vez para tratar assuntos ligados à ocupação. Na terça-feira (12), eles realizam uma nova assembléia, às 18h, para decidir ser permanecem ou não no local. A permanência é a hipótese mais provável, tendo em vista que eles marcaram para o próximo dia 16 um encontro nacional de estudantes, em frente ao prédio da reitoria.

11jun (folha online) 19h54

Funcionários da USP mantêm greve; professores suspendem movimento Publicidadeda Folha Online
Em assembléia realizada nesta segunda-feira, os funcionários da USP (Universidade de São Paulo) decidiram manter a greve iniciada no último dia 16 de maio. O movimento ocorre em solidariedade à greve dos alunos que ocuparam o prédio da reitoria no dia 3 de maio. Mais cedo, os professores decidiram suspender a greve que começou em 23 de maio.
Paralelamente, os docentes da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) optaram também nesta segunda-feira por permanecer em greve.
Os professores da USP retomam as aulas amanhã (12). Segundo o presidente da Adusp (Associação dos Docentes da USP), César Minto, eles entendem que o ato declaratório do governador José Serra (PSDB) publicado em 31 de maio em relação a decretos anteriores representou um avanço nas negociações e um conseqüente recuo do governo.
Rodrigo Paiva/Folha Imagem Professores da USP decidem em assembleia o fim da greve Os professores avaliaram ainda que houve avanço nas negociações salariais com o Cruesp (Conselho dos Reitores das Universidades do Estado de São Paulo) e marcaram uma nova reunião para outubro próximo, quando analisarão se houve avanço nas negociações pela incorporação de um valor fixo de R$ 200 ao salário dos servidores.
Os funcionários da USP, por outro lado, mantêm o movimento em favor da incorporação de R$ 200 ao salário dos servidores e afirmam, segundo o Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), que a pauta de reivindicações da categoria ainda não foi contestada pela reitoria. A assembléia dos funcionários ocorreu em frente ao prédio ocupado da reitoria.
Estudantes da USP
Embora os professores da USP tenham suspendido da greve, os alunos mantêm a ocupação da reitoria. O grupo realiza uma reunião terça-feira (12) para decidir ser fica no local.
A novidade é que agora o grupo assumiu discussões inclusive sindicais, de grupos alheios à universidade. No blog que mantêm na internet, os alunos informam que farão uma discussão a respeito das fábricas ocupadas e discutirão o que consideram "repressão na fábrica Cipla" de Joinville (SC). A fábrica de materiais de construção havia sido ocupada por funcionários e eles foram retirados de lá por policiais.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

11 jun (UOL) 16h24

Professores da USP encerram greve; na Unicamp, paralisação segueDa redaçãoEm São Paulo

Os professores da USP (Universidade de São Paulo) decidiram, em assembléia realizada nesta segunda (11), encerrar a greve iniciada em 23 de maio. Eles aceitaram a proposta feita pelo Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas), que dá reajuste salarial de 3,37% aos servidores das três universidades e o acompanhamento da arrecadação do ICMS (imposto sobre a circulação de mercadorias e prestações de serviços) para a incorporação futura de parcela fixa de até R$ 200 aos salários.A decisão de encerrar o protesto, entretanto, não foi unânime, segundo o vice-presidente da Associação dos Docentes da USP (Adusp), Francisco Miraglia. Na assembléia, havia cerca de 200 professores.O Cruesp realizou na última quarta (6) a terceira reunião de negociação com os grevistas, representados pelo Fórum das Seis, entidade que reúne funcionários e professores das três universidades estaduais paulistas (além da Unicamp, USP e Unesp).No encontro, os reitores detalharam a proposta de aumento de 3,37%, ofertada na primeira reunião, em 24/5. Para que a parcela fixa desejada pelos servidos seja viabilizada, o Cruesp sugeriu a formação de uma comissão -- com representantes dos dois órgãos -- para acompanhar mensalmente a arrecadação do ICMS. As universidades estaduais paulistas recebem, como orçamento, 9,57% de todo ICMS arrecadado pelo Estado mensalmente.Além disso, os professores consideraram que houve um avanço com a publicação, no dia 31 de maio, de um decreto declaratório do governador José Serra (PSDB) que explicita que outros decretos publicados no início do ano não ferem a autonomia universitária.UnicampEm assembléia realizada nesta segunda-feira (11), a Adunicamp (Associação dos Docentes da Unicamp) decidiu manter a greve, que teve início no dia 23 de maio. Participaram da votação 110 docentes. A decisão sobre a continuação do movimento não foi unânime, mas a entidade não divulgou o balanço dos votos. Os professores marcaram para a próxima quinta-feira (14), às 10h, uma nova assembléia para avaliar o movimento e discutir mais uma vez a questão salarial. Segundo a assessoria de imprensa da instituição, 12% das aulas não foram dadas nesta segunda-feira. Estão sem aula o IEL (Instituto de Estudos da Linguagem), IFCH (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas), IA (Instituto de Artes) e FE (Faculdade de Educação). O IG (Instituto de Geociências) e a FEF (Faculdade de Educação Física) voltaram às atividades. A Unicamp tem cerca de 1.700 professores e 34 mil alunos (graduação e pós-graduação). OcupaçãoOs estudantes que ocupam o prédio da reitoria da USP desde o dia 3 de maio permanecem no local.Segundo informa a Folha Online, o grupo agora também assumiu discussões alheias a assuntos acadêmicos. Os alunos dissem, em seu blog, que agora discutirão o que consideram "repressão na fábrica Cipla" em Joinville (SC). A fábrica de materiais de construção havia sido ocupada por funcionários, mas eles foram retirados pela polícia. Está marcada uma nova assembléia de estudantes para discutir a ocupação na terça (12), às 18h. Segundo informações da rádio Jovem Pan, o secretário do Estado de Justiça, Luiz Antônio Marrey, disse nesta segunda que não descarta o uso da força policial para que a reintegração de posse do prédio, expedida em 16/5, seja cumprida e que os alunos podem ser processados. Com informações da Jovem Pan, da Agência Estado e da Folha Online

quinta-feira, 31 de maio de 2007

31 may (TERRA)

USP: diálogo está encerrado, diz secretário
Vagner MagalhãesDireto de São Paulo
O secretário da Justiça de São Paulo, Luiz Antonio Guimarães Marrey, disse no início da noite desta quinta-feira que o diálogo com os manifestantes está encerrado até que ocorra a desocupação da reitoria da Universidade de São Paulo (USP). A declaração foi dada no Palácio dos Bandeirantes, depois de encerrado o encontro de membros do governo com uma comitiva de 15 pessoas, formada por estudantes, professores e funcionários da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).


Na reunião, a comitiva pediu para que a manifestação pudesse avançar até a sede do governo de São Paulo. O pedido foi negado com base em um decreto do ex-governador Mário Covas, que torna a área próxima ao Palácio dos Bandeirantes território de segurança.
O estudante Gabriel Casoni, que esteve no Palácio dos Bandeirantes para encontro com membros do governado, disse que será realizada uma assembléia às 18h desta sexta-feira para decidir se a ocupação da reitoria da USP será mantida. Os funcionários da universidade marcaram um encontro para as 11h de amanhã.
Os estudantes decidiram deixar a esquina da rua Francisco Morato com a avenida Morumbi, onde estavam reunidos, e retornar para o prédio da reitoria da USP.
Segundo estimativa da Polícia Militar, cerca de 3 mil pessoas participaram do protesto na tarde desta quinta-feira nas ruas da capital. A polícia montou barreiras para conter o avanço dos manifestantes, que tentaram romper o bloqueio por quatro vezes.
Na última tentativa houve confronto e os policiais revidaram as agressões com gás de pimenta. Um estudante chegou a ser detido, mas foi liberado momentos depois e retornou para junto dos demais manifestantes.
O governador de São Paulo, José Serra, se dispôs a receber a comissão, segundo informações da assessoria do governo. O encontro, no entanto, não se concretizou. Esta seria a primeira vez que o governador se encontraria com os alunos que ocupam a reitoria.
Serra impôs , inclusive, uma condição para o encontro: que os estudantes desocupassem a rua Francisco Morato, que ficou fechada para o trânsito nos dois sentidos desde as 14h30.
Os protestos são contra medidas adotadas pelo governador do Estado, José Serra, que, segundo os estudantes, ferem a autonomia da universidade. A reitoria da USP está ocupada pelos manifestantes desde o dia 3 de maio. De acordo com o diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), o objetivo da manifestação é fazer com que uma comissão seja recebida pelo governador.
Redação Terra

31 may 13:01 (VEJA)

Novo decreto reitera a autonomia do ensino31 de Maio de 2007 13:01
O governador de São Paulo, José Serra, publicou nesta quinta-feira, no Diário Oficial do estado, um decreto declaratório, com o objetivo de "eliminar as interpretações reiteradamente equivocadas" sobre textos anteriores que tratavam da autonomia universitária paulista. O novo texto esclarece os quatro decretos que provocaram a ocupação da reitoria da Universidade de São Paulo (USP).
O decreto declaratório assinado por Serra não muda os anteriores, serve apenas para reafirmar uma posição previamente manifestada pelo governador de forma verbal - de que a autonomia do ensino superior público estadual não será ferida. Um dos itens veda, por exemplo, "a contratação de pessoal no âmbito da administração pública direta ou indireta". O decreto declaratório esclarece que o item "não se aplica às universidades".
O texto foi publicado no mesmo dia em que os estudantes invasores da USP fariam um protesto na Assembléia Legislativa e uma marcha rumo à sede do governo paulista. Além da invasão da reitoria da USP, há paralisações e protestos em diversos campi da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Estadual Paulista (Unesp).

01 jun 01h (VEJA)

http://vejaonline.abril.com.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?publicationCode=1&pageCode=1&textCode=127238&date=currentDate

Sexta-feira, 01 de Junho de 2007
ProtestoOs universitários e a PM se enfrentam31 de Maio de 2007 18:58
Estudantes ligados às universidades públicas paulistas e entidades sociais se dirigiram em passeata nesta quinta-feira ao Palácio dos Bandeirantes - sede do governo do estado - no Morumbi, zona sul de São Paulo. Antes de os manifestantes chegarem ao seu destino, no entanto, houve tumulto entre o grupo e policiais militares, que usaram gás de pimenta para conter os avanços. A avenida Francisco Morato, próxima ao local, teve que ser interditada.
Os manifestantes protestam contra decretos do governador José Serra (PSDB) que, para eles, colocam em risco a autonomia das universidades. Nesta quinta, o Diário Oficial do estado publicou um decreto declaratório sobre o assunto, com o objetivo de "eliminar as interpretações reiteradamente equivocadas" sobre textos anteriores que tratavam da autonomia universitária paulista.
O grupo tentou chegar à sede do governo, mas foi impedido pela Polícia Militar, que montou uma barreira com cerca de 500 homens e bloqueou o acesso de veículos e de pedestres à avenida Morumbi, que leva ao palácio. Um estudante tentou furar o bloqueio policial e foi detido, por volta das 16h50. Segundo o tenente-coronel Wanderley Medeiros, comandante do 16º Batalhão da PM, o estudante - que não teve o nome revelado - deveria ser encaminhado ao 34º DP e indiciado por desacato a autoridade.
‘Acabou’ - O secretário de Justiça do estado de São Paulo, Luiz Antonio Guimarães Marrey, disse nesta quinta-feira que não negocia mais com os estudantes que ocupam, desde 3 e maio, a reitoria da Universidade de São Paulo (USP). Segundo reportagem do portal G1, Marrey afirmou que "enquanto não tiver desocupação, não tem mais conversa". "Este movimento é um movimento radicalizado, de cunho autoritário", declarou o secretário.

30 may 2007 Veja

http://vejasaopaulo.abril.com.br/revista/vejasp/edicoes/2010/m0129849.html

Estão brincando com fogo
24.05.2007
Com baderna e reivindicações oportunistas, uma inexpressiva parcela dos 80 600 alunos da Universidade de São Paulo mancha a imagem da maior e melhor instituição de ensino do país

Por Alvaro Leme, Maria Paola de Salvo e Sandra Soares
Danilo Verpa/Folha Imagem
Pichações, faixas e fogueira na frente da reitoria: ataque a um patrimônio paulista
Mais prestigiosa instituição de ensino superior do país e uma das mais concorridas – no último vestibular, houve 142 656 candidatos para 11 682 vagas –, a Universidade de São Paulo (USP) é orgulho e patrimônio dos paulistas. Com 61 cursos cinco-estrelas segundo a última avaliação do Guia do Estudante, publicado pela Editora Abril, ela está bem à frente da segunda colocada no ranking de excelência, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que teve 26 cursos colocados no mesmo patamar. Desde o dia 3, no entanto, a principal universidade do Brasil vive um drama que pode transformá-la em terra de ninguém. Naquela tarde, ela foi atacada em seu coração, a reitoria, quando um pequeno bando formado por cerca de 300 de seus quase 80 600 alunos (ou seja, menos de 0,5% do total) invadiu o prédio e ali acampou, ameaçando permanecer aquartelado até que uma lista com dezessete exigências, boa parte delas oportunista, fosse atendida.

Alunos rebelados protestam na torre do relógio, no campus do Butantã: "Universidade livre"Intitulando-se simplesmente membros do "movimento estudantil", os arruaceiros, cuja ação seria repudiada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), destruíram uma porta e depredaram as placas de identificação de algumas salas do edifício. Onde antes se lia reitora, por exemplo, agora se vê apenas uma provocação bobinha: a palavra rei. Na terça-feira (22), quase vinte dias após o início da ocupação, cerca de 200 deles não haviam arredado o pé de lá, indiferentes à fedentina que começava a se espalhar pelos ambientes. O mau cheiro vinha principalmente dos dois banheiros utilizados pelo grupelho, formado em sua maioria por alunos dos cursos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e da Escola de Comunicação e Artes (ECA), que tiveram parte de suas aulas suspensa. Espalhados por um chão ensebado, coberto por pedaços de papel, casais namoravam, rapazes divertiam-se em jogos de carteado e mocinhas pintavam as unhas – alguns deles vestidos com camiseta de microscópicos partidos da esquerda radical, como o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), o Partido da Causa Operária (PCO) e o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). Num canto, alguns compenetrados ativistas preparavam uma cartilha a ser distribuída aos manifestantes. O conteúdo? Indicações do que fazer caso a Polícia Militar, cumprindo uma decisão da Justiça, ocupasse o prédio para desalojar os invasores, o que até as 20 horas da última quarta não havia ocorrido.
Caio Guatelli/Folha Imagem
A reitoria virou cortiço: sessenta colchões espalhados no térreo No dia 16, a reitora da universidade, Suely Vilela, recebeu um mandado de reintegração de posse expedido pelo juiz Jayme Martins de Oliveira Neto, da 13ª Vara da Fazenda Pública. Trata-se da autorização do uso de força policial para a retirada dos rebelados, mas a reitora preferiu, sem sucesso, negociar com eles. O senador Eduardo Suplicy (PT) foi chamado para mediar o debate entre as duas partes, a convite de ambas. Desde sexta-feira (18) ele esteve em contato com os estudantes, por telefone. "Na madrugada da quarta me ligaram dizendo que haviam resolvido só dialogar diretamente com o governador José Serra", conta Suplicy. "Pediram para tentar agendar uma conversa com ele, o que eu disse que seria praticamente impossível." Não adiantaram as suas sugestões para que deixassem o prédio. "O movimento radicalizou demais", avalia o senador. Apoiados pela Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp), que aproveitou para entrar em greve na quarta (23), desrespeitando assim o direito dos alunos que querem estudar, e pelo Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), os alunos reivindicavam principalmente a revogação de cinco decretos assinados pelo governador no início do seu mandato. Segundo eles, as medidas comprometem a "autonomia das universidades públicas". A mais importante refere-se à criação da Secretaria de Ensino Superior, à qual as universidades paulistas estaduais (USP, Unicamp e Universidade Estadual Paulista, a Unesp) estão agora vinculadas. Antes elas eram ligadas à extinta Secretaria de Ciência e Tecnologia. Com a mudança, o médico José Aristodemo Pinotti assumiu a Secretaria de Ensino Superior.
Fotos Valéria Gonçalvez/Agência Estado/AE e Mário Rodrigues
No alto, manifestantes batucam para atrapalhar as aulas de quem quer apenas estudar; abaixo, 2 000 pessoas participam de assembléia organizada pelos estudantes na última terçaO anúncio da criação do órgão provocou alvoroço por causa de uma série de informações e ações desencontradas protagonizadas pelo próprio governo. Ainda que indiretamente, a decisão vai garantir mais dinheiro para o ensino superior público. Além do montante anual de 9,57% do ICMS do estado que desde 1989 é destinado às universidades (em 2006, isso representou 4 bilhões de reais), elas serão beneficiadas com os 15 milhões de reais que a Secretaria de Ensino Superior pretende gastar com projetos neste ano (veja o quadro). Ao mesmo tempo em que foi nomeado secretário, Pinotti tornou-se presidente do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais do Estado de São Paulo (Cruesp), do qual também fazem parte os secretários de Educação e Desenvolvimento. Cabe ao conselho, por exemplo, definir o porcentual anual de reajuste de salários de docentes e funcionários das universidades. A situação provocou uma saia-justa. Afinal, seria Pinotti, um representante do estado, quem daria o voto de Minerva no caso de impasses em processos de tomada de decisão do conselho. "Percebi o mal-estar e pedi que a presidência fosse dada a outro", diz ele. O cargo acabou então entregue ao reitor da Unicamp, o engenheiro agrícola José Tadeu Jorge.
Foi justamente a partir de 1989, quando por meio de um decreto as instituições públicas de ensino superior do estado ganharam autonomia para gerir seus recursos, que as universidades paulistas não pararam de crescer. Isso é medido, entre outros indicadores, pelo aumento do número de vagas oferecidas nos vestibulares. Há vinte anos eram quase 6 780 na USP, número atualmente 70% maior. Juntas, USP, Unicamp e Unesp são responsáveis por metade da produção acadêmica do país. A declaração dada por Pinotti de que remanejamentos de verbas entre os três grupos orçamentários dessas universidades (pessoal, investimento e custeio) precisariam ser aprovados pelo governador, ao contrário do que acontece hoje, despertou uma celeuma no meio acadêmico. Caso isso se confirmasse, decisões corriqueiras como a de realocar dinheiro previsto para a compra de material na contratação de um novo professor seriam obrigatoriamente submetidas a Serra, burocratizando o processo. O governo se apressou em apagar o incêndio. "O secretário da Fazenda nos enviou um ofício em que garante que não será necessário fazer esse tipo de consulta", diz Tadeu Jorge. "Houve mal-entendidos", completa Pinotti. O que o governador exigiu – e conseguiu fazer cumprir – é que a prestação de contas das universidades no Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios (Siafem) passe a ser diária. Hoje a entrada de dados no sistema é mensal. "Até agora as universidades informavam, por exemplo, apenas o montante total gasto por mês com equipamentos", explica Pinotti. "Futuramente terão de discriminar todas as despesas que fazem, dia a dia." Por meio dessa ferramenta, disponível na internet, o contribuinte paulista pode acompanhar o uso de seu dinheiro. Nada mais justo.
Os estudantes que invadiram a reitoria da USP pegaram carona no debate desses assuntos para apresentar uma longa lista de reivindicações. Sua pauta de dezessete itens inclui eleições diretas para reitor, contratação imediata de professores e funcionários, construção de prédios, reforma de outros, criação de 600 vagas de moradia estudantil, garantia de alimentação nos fins de semana nos restaurantes universitários, liberdade de manifestação política (panfletagem, colagem de cartazes etc.) e cultural (realização de festas e festivais), e por aí vai... "Grande parte da mobilização não tem nada a ver com os decretos do Serra, que são apenas um bode expiatório da crise", afirma o cientista político Fernando Abrucio, especialista em administração pública. "A solução do conflito é dificultada pela falta de uma liderança clara entre os alunos", diz o professor da Faculdade de Filosofia da USP Adilson Avansi de Abreu, um dos três nomes cotados para o cargo de reitor na última eleição, da qual saiu vitoriosa Suely Vilela. A reitora se recusa a dar entrevistas até o fim do impasse. Os alunos amotinados também não atendem a imprensa. Jornalistas que conseguiram entrar no QG dos estudantes munidos de máquinas fotográficas só saíram de lá depois que as imagens foram checadas por uma comissão de censores – a preocupação é evitar que retratos dos manifestantes sejam divulgados. Entre as condições impostas para a desocupação da reitoria está a de que nenhum estudante sofra algum tipo de punição. Brincando com fogo, eles são bem diferentes dos caras-pintadas, que em 1992 foram às ruas para protestar contra o governo Fernando Collor mostrando o rosto. Tentam se manter clandestinos apesar de seu endereço conhecido. Que, até a última quarta-feira, era o da USP.
Em vez de plástica, rugas de preocupação
Mário Rodrigues
A reitora Suely Vilela: como mãe de criança peralta, ela ameaça, mas não pune Quando se tornou reitora da USP, em 2005, a professora-doutora Suely Vilela calculava que, dali a cerca de um ano e meio, poderia tirar folga para submeter-se a uma plástica nas bochechas e nas pálpebras. Pois foi exatamente o tempo que levou para a farmacêutica enfrentar a maior crise de sua gestão, que já começou com protestos de alunos no dia da posse. Aos 53 anos, mineira de Ilicínea, Suely é divorciada e tem um filho. Vaidosa, gosta de acordar cedo para fazer escova. Quando tem tempo – o que não é o caso nas atuais circunstâncias – faz musculação e esteira. Costuma vestir terninhos de estilo clássico. "Gosto de tudo combinando", disse a Veja São Paulo, numa entrevista concedida logo depois de obter 154 dos 269 votos na eleição para a reitoria, em 2005. Desde o início da rebelião na USP, ela tem evitado a imprensa.
Há quem a considere despreparada e defenda a idéia de que teria sido aprovada por Geraldo Alckmin por, como o então governador, vir do interior (boa parte de sua carreira foi em Ribeirão Preto). Verdade ou injustiça, o fato de a reitora ter declarado gostos culturais pouco comuns entre docentes – ela é fã das canções românticas de Roberto Carlos e de filmes melosos como Uma Linda Mulher – só aumentou as críticas. Na entrevista a Veja São Paulo em 2005, a professora se declarou "pisciana, coração mole". Isso talvez explique por que, nos primeiros vinte dias da rebelião dos alunos, ela tem se portado como mãe de criança peralta: ameaça, ameaça, mas não pune ninguém.
"Minha presença na USP seria uma provocação"
Mário Rodrigues
O secretário Pinotti: observando a crise de longeDesde o início dos conflitos na USP, o secretário de Ensino Superior, José Aristodemo Pinotti, de 72 anos, tem evitado ir à universidade. "Minha presença lá seria entendida como uma provocação pelos estudantes", acredita ele, que foi reitor da Unicamp (1982 a 1986) e está acostumado a lidar com alunos rebeldes. "É melhor que eu me dedique aos projetos em razão dos quais fui nomeado." Com 4,8 milhões de reais garantidos em seu orçamento para 2007 (outros 10,5 milhões foram solicitados ao governo), a Secretaria de Ensino Superior pretende centrar forças em ações que facilitem o acesso de alunos de baixa renda às universidades estaduais. Dos 400 000 jovens que a cada ano terminam o ensino médio nas escolas públicas, apenas 1% consegue ingressar na USP, Unicamp ou Unesp. Ou seja, seus alunos – que não pagam mensalidades – vieram na esmagadora maioria de escolas particulares. "Vamos aumentar o número de vagas nos cursinhos públicos oferecidas nas universidades", diz Pinotti. "E contratar alunos de seus próprios quadros como professores." A secretaria estuda também criar uma quarta universidade, a Virtual Paulista (Univip), com aulas ministradas pela internet e pela televisão, em conjunto com a Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura. "É óbvio que não dá para ensinar medicina de longe", afirma Pinotti, que é médico ginecologista. "Mas cursos mais teóricos podem funcionar muito bem nesse formato."
Dia das Mães na reitoria
Mário Rodrigues
A aluna Alba Marcondes: "Durmo aqui na USP desde o início da ocupação"Assim que tomaram a reitoria, os estudantes montaram uma agenda de debates e programas culturais – teve até uma versão uspiana da Virada Cultural, no último dia 5. No Dia das Mães, aconteceu uma comemoração pouco comum entre movimentos estudantis: algumas famílias passaram a data no local da invasão. Foi o caso dos parentes de Alba Marcondes, de 21 anos, aluna do 2º ano de letras, que só vai para casa, no Paraíso, para buscar roupas. "Durmo aqui na USP desde o início da ocupação." Alba tem um perfil diferente do da maior parte dos alunos da USP – estudou algumas séries em escolas públicas, enquanto 76% de seus colegas vêm de colégios particulares de elite. Participa da Comissão de Comunicação, uma das inúmeras equipes em que os alunos se dividiram para administrar sua bagunça. Cada turma tem de vinte a trinta integrantes, que se revezam entre si. "Quem é da equipe de alimentação num dia pode em outro estar na de negociação", explica a estudante. Esse rodízio é uma das características mais marcantes do atual movimento estudantil, a ausência de uma liderança definida. Todo mundo manda e ninguém manda. O que motiva Alba a ficar na ocupação? Com o ar idealista comum aos seus colegas, aparentemente alheios ao fato de que policiais armados poderiam acabar com a baderna a qualquer momento, ela responde. "Estou aqui porque quero uma universidade melhor para os meus filhos."
Na ponta do lápis
Alguns números da USP
80 589 alunos (60% deles na graduação)
1,9 bilhão de reais foi o orçamento executado em 2005
5 222 professores, que recebem salário inicial de 5660 reais (professor-doutor), 6748 (professor associado) e 8136 (professor titular) para quarenta horas de trabalho semanais
142 656 inscritos para as 11 682 vagas do vestibular 2007, o que equivale à média de 12,2 candidatos por vaga. Os cursos mais concorridos no último exame foram publicidade e propaganda (45,74 candidatos por vaga) e jornalismo (44,75)
7 campi (São Paulo, São Carlos, Bauru, Lorena, Piracicaba, Pirassununga e Ribeirão Preto)
214 cursos de graduação e 563 programas de pós-graduação
39 bibliotecas, que recebem por ano 3,9 milhões de usuários, atraídos pelo acervo de 6,9 milhões de volumes
15 295 funcionários
Fonte: Anuário Estatístico USP 2006