17 jun
Estudantes decidem realizar onda de invasões de reitorias
Série de manifestações está marcada só para depois das férias de julho
Ricardo Westin, do Estado
SÃO PAULO - Líderes estudantis decidiram, no fim de semana, que realizarão uma onda de invasões de reitorias e diretorias de universidades públicas de todo o País na primeira quinzena de agosto.
Embalados pela repercussão da ocupação da reitoria da Universidade de São Paulo (USP), que dura 46 dias, os alunos querem levar a outras regiões o protesto contra o que eles chamam de sucateamento do ensino superior público.
A onda de invasões foi aprovada numa plenária estudantil, com universitários de várias regiões do País, realizada na noite de sábado, 16, na reitoria invadida da USP. O período de "ocupações e reocupações", como eles afirmaram, ocorrerá na semana entre 5 e 13 de agosto.
Os estudantes decidiram esperar passar julho, mês em que normalmente há férias.
Na semana passada, seguindo o exemplo da USP, universitários invadiram as reitorias das Universidades Federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Pará (UFPA).
Outra decisão da plenária foi a realização de uma marcha estudantil em Brasília, também em agosto, para pressionar o Congresso e o Ministério da Educação por melhorias no ensino público.
A reitora da USP, Suely Vilela, segundo assessores, decidiu que não haverá negociação com os alunos enquanto o prédio da reitoria não for desocupado. Além disso, ela disse que os invasores - principalmente os funcionários - sofrerão punições. Essas duas decisões vão contra as expectativas dos universitários grevistas, o que deve dificultar ainda mais as negociações.
A reportagem procurou os líderes da ocupação da reitoria, mas eles informaram que até mesmo comentários sobre declarações da reitora precisam ser discutidos em assembléia, antes de serem tornados públicos.
Na USP, a crise tem origem nos decretos que o governador José Serra (PSDB) publicou no início do ano, assim que tomou posse, criando a Secretaria de Ensino Superior e incluindo as três universidades paulistas - USP e Universidades Estaduais Paulista (Unesp) e de Campinas (Unicamp), no interior do Estado - na declaração de gastos diariamente num sistema informatizado de prestação de contas, como fazem os demais órgãos estaduais.
Inicialmente, os reitores viram nos decretos uma ameaça à autonomia universitária. O governador explicou que essa era uma visão equivocada. Os reitores aceitaram a explicação, mas os alunos, não.
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