Alunos da Unesp realizam ocupação em prédio do campus de São Paulo
Publicidade
da Folha Online
Cerca de 50 alunos da Unesp (Universidade Estadual Paulista) ocuparam o prédio do Instituto de Artes, localizado no Campus de São Paulo, localizado no Ipiranga (zona sul de São Paulo), na noite de terça-feira (19).
Em nota enviada à imprensa, a direção da universidade afirma que o ato ocorreu na manhã desta quarta-feira e foi uma represália por parte dos alunos devido ao resultado da assembléia realizada pela Adunesp (Associação dos Docentes da Unesp), realizada na terça-feira (19), que pôs fim à greve que se estendia desde o dia 31 de maio.
Segundo a estudante do curso de educação artística da universidade, Lia Aleixo, 29, após a assembléia dos alunos realizada das 13h às 19h, eles decidiram permanecer no prédio e que a informação da presença deles no local só foi divulgada nesta manhã.
Segundo ela, os alunos permanecem no prédio em resposta à ação da Polícia Militar, que acompanhou, na madrugada desta quarta-feira, o cumprimento de um mandado de reintegração de posse expedido pela Justiça contra alunos que ocupavam o prédio da diretoria da Faculdade de Ciências e Letras (FCL) do campus Araraquara (273 km de São Paulo).
Ela confirmou a versão apresentada pela direção da universidade e considerou a decisão dos professores um descumprimento do acordo estabelecido entre eles, e que previa a greve por tempo indeterminado tanto de alunos como de professores. Lia disse ainda que a intenção do grupo é permanecer ao menos até a próxima segunda-feira (25). Na segunda está marcada uma assembléia para avaliar os rumos do movimento. "Todos os professores têm entrada permitida, mas estamos convidando-os a não dar aulas", afirmou a estudante.
Espera
O diretor do Instituto de Artes, João Cardoso Palma Filho, afirmou que registrou um boletim de ocorrência no 17º DP (Delegacia de Polícia), no Ipiranga (zona sul de São Paulo), para dar notícia à ocupação e não de natureza criminal; ou seja, não busca apontar os líderes e responsáveis pelo ato de ocupação, segundo o docente.
O documento, segundo Palma Filho, foi encaminhado ao setor jurídico da universidade, departamento responsável por fornecer um parecer ao docente. Caberá a Palma Filho a decisão de pedir ou não à Justiça a reintegração de posse do prédio. O docente nega que tenha feito o pedido até as 13h40 de hoje. Para ele é razoável aguardar até a próxima segunda-feira. "O clima está tranqüilo. Eu mesmo estou trabalhando, mas as aulas não estão ocorrendo pois os alunos colocaram carteiras nas portas impedindo o acesso", disse. Ele não descartou, porém, solicitar a desocupação à Justiça antes do prazo caso julgue necessário.
Palma Filho negou que estivesse sendo tolerante. "Como é algo que ocorrerá até o final de semana, não tomei medidas mais duras pois acredito que eles [alunos] serão razoáveis e não nos criarão maiores problemas. Estão apenas descontentes pois com a volta dos professores as faltas começam a ser anotadas", afirmou o docente.
Segundo o diretor do Instituto de Artes, estão matriculados 646 alunos na graduação e outros 80 na pós-graduação, divididos em cinco cursos, sendo três licenciaturas e dois bacharelados, além de outros dois programas de mestrado.
Em nota enviada à imprensa nesta terça-feira, o reitor da Unesp, Marcos Macari, afirmou que a reitoria tem participado de reuniões com alunos, docentes e servidores técnicos e administrativos nas suas 32 unidades.
A nota informa ainda que a reitoria apóia as medidas do diretor do Instituto de Artes e que a reitoria está disposta a continuar o diálogo com os alunos, no entanto se recusa a negociar sob o que denominou "coação por meio de recursos violentos".
A desocupação
A desocupação no prédio da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara aconteceu por volta das 2h30 desta quarta-feira. Policiais militares da tropa da choque de São Paulo e da Força Tática do 13º Batalhão de Policiamento do Interior participaram da ação.
O governo estadual informou participaram da ação 180 PMs e os cerca de cem estudantes ocupavam a sala da diretoria da faculdade desde o dia 13 de junho foram encaminhados ao 4º DP de Araraquara.
Apesar de já haver um mandado de reintegração de posse expedido pela Justiça de São Paulo contra os alunos que ocupam o prédio da reitoria da USP (Universidade de São Paulo) desde o dia 16 de maio, ele não havia sido cumprido até as 13h40 desta quarta-feira.
Eles afirmam, em texto publicado no blog que mantém na internet, repúdio ao que consideraram a ação policial no campus de Araraquara. "Repudiamos a política de bater, prender, para não dialogar. Criminalizar a ação política estudantil é uma forma de inviabilizar ainda mais o diálogo democrático, proliferando o medo como forma de governo, o que remete aos anos do regime militar", afirma o texto.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário