USP: diálogo está encerrado, diz secretário
Vagner MagalhãesDireto de São Paulo
O secretário da Justiça de São Paulo, Luiz Antonio Guimarães Marrey, disse no início da noite desta quinta-feira que o diálogo com os manifestantes está encerrado até que ocorra a desocupação da reitoria da Universidade de São Paulo (USP). A declaração foi dada no Palácio dos Bandeirantes, depois de encerrado o encontro de membros do governo com uma comitiva de 15 pessoas, formada por estudantes, professores e funcionários da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Na reunião, a comitiva pediu para que a manifestação pudesse avançar até a sede do governo de São Paulo. O pedido foi negado com base em um decreto do ex-governador Mário Covas, que torna a área próxima ao Palácio dos Bandeirantes território de segurança.
O estudante Gabriel Casoni, que esteve no Palácio dos Bandeirantes para encontro com membros do governado, disse que será realizada uma assembléia às 18h desta sexta-feira para decidir se a ocupação da reitoria da USP será mantida. Os funcionários da universidade marcaram um encontro para as 11h de amanhã.
Os estudantes decidiram deixar a esquina da rua Francisco Morato com a avenida Morumbi, onde estavam reunidos, e retornar para o prédio da reitoria da USP.
Segundo estimativa da Polícia Militar, cerca de 3 mil pessoas participaram do protesto na tarde desta quinta-feira nas ruas da capital. A polícia montou barreiras para conter o avanço dos manifestantes, que tentaram romper o bloqueio por quatro vezes.
Na última tentativa houve confronto e os policiais revidaram as agressões com gás de pimenta. Um estudante chegou a ser detido, mas foi liberado momentos depois e retornou para junto dos demais manifestantes.
O governador de São Paulo, José Serra, se dispôs a receber a comissão, segundo informações da assessoria do governo. O encontro, no entanto, não se concretizou. Esta seria a primeira vez que o governador se encontraria com os alunos que ocupam a reitoria.
Serra impôs , inclusive, uma condição para o encontro: que os estudantes desocupassem a rua Francisco Morato, que ficou fechada para o trânsito nos dois sentidos desde as 14h30.
Os protestos são contra medidas adotadas pelo governador do Estado, José Serra, que, segundo os estudantes, ferem a autonomia da universidade. A reitoria da USP está ocupada pelos manifestantes desde o dia 3 de maio. De acordo com o diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), o objetivo da manifestação é fazer com que uma comissão seja recebida pelo governador.
Redação Terra
quinta-feira, 31 de maio de 2007
31 may 13:01 (VEJA)
Novo decreto reitera a autonomia do ensino31 de Maio de 2007 13:01
O governador de São Paulo, José Serra, publicou nesta quinta-feira, no Diário Oficial do estado, um decreto declaratório, com o objetivo de "eliminar as interpretações reiteradamente equivocadas" sobre textos anteriores que tratavam da autonomia universitária paulista. O novo texto esclarece os quatro decretos que provocaram a ocupação da reitoria da Universidade de São Paulo (USP).
O decreto declaratório assinado por Serra não muda os anteriores, serve apenas para reafirmar uma posição previamente manifestada pelo governador de forma verbal - de que a autonomia do ensino superior público estadual não será ferida. Um dos itens veda, por exemplo, "a contratação de pessoal no âmbito da administração pública direta ou indireta". O decreto declaratório esclarece que o item "não se aplica às universidades".
O texto foi publicado no mesmo dia em que os estudantes invasores da USP fariam um protesto na Assembléia Legislativa e uma marcha rumo à sede do governo paulista. Além da invasão da reitoria da USP, há paralisações e protestos em diversos campi da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Estadual Paulista (Unesp).
O governador de São Paulo, José Serra, publicou nesta quinta-feira, no Diário Oficial do estado, um decreto declaratório, com o objetivo de "eliminar as interpretações reiteradamente equivocadas" sobre textos anteriores que tratavam da autonomia universitária paulista. O novo texto esclarece os quatro decretos que provocaram a ocupação da reitoria da Universidade de São Paulo (USP).
O decreto declaratório assinado por Serra não muda os anteriores, serve apenas para reafirmar uma posição previamente manifestada pelo governador de forma verbal - de que a autonomia do ensino superior público estadual não será ferida. Um dos itens veda, por exemplo, "a contratação de pessoal no âmbito da administração pública direta ou indireta". O decreto declaratório esclarece que o item "não se aplica às universidades".
O texto foi publicado no mesmo dia em que os estudantes invasores da USP fariam um protesto na Assembléia Legislativa e uma marcha rumo à sede do governo paulista. Além da invasão da reitoria da USP, há paralisações e protestos em diversos campi da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Estadual Paulista (Unesp).
01 jun 01h (VEJA)
http://vejaonline.abril.com.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?publicationCode=1&pageCode=1&textCode=127238&date=currentDate
Sexta-feira, 01 de Junho de 2007
ProtestoOs universitários e a PM se enfrentam31 de Maio de 2007 18:58
Estudantes ligados às universidades públicas paulistas e entidades sociais se dirigiram em passeata nesta quinta-feira ao Palácio dos Bandeirantes - sede do governo do estado - no Morumbi, zona sul de São Paulo. Antes de os manifestantes chegarem ao seu destino, no entanto, houve tumulto entre o grupo e policiais militares, que usaram gás de pimenta para conter os avanços. A avenida Francisco Morato, próxima ao local, teve que ser interditada.
Os manifestantes protestam contra decretos do governador José Serra (PSDB) que, para eles, colocam em risco a autonomia das universidades. Nesta quinta, o Diário Oficial do estado publicou um decreto declaratório sobre o assunto, com o objetivo de "eliminar as interpretações reiteradamente equivocadas" sobre textos anteriores que tratavam da autonomia universitária paulista.
O grupo tentou chegar à sede do governo, mas foi impedido pela Polícia Militar, que montou uma barreira com cerca de 500 homens e bloqueou o acesso de veículos e de pedestres à avenida Morumbi, que leva ao palácio. Um estudante tentou furar o bloqueio policial e foi detido, por volta das 16h50. Segundo o tenente-coronel Wanderley Medeiros, comandante do 16º Batalhão da PM, o estudante - que não teve o nome revelado - deveria ser encaminhado ao 34º DP e indiciado por desacato a autoridade.
‘Acabou’ - O secretário de Justiça do estado de São Paulo, Luiz Antonio Guimarães Marrey, disse nesta quinta-feira que não negocia mais com os estudantes que ocupam, desde 3 e maio, a reitoria da Universidade de São Paulo (USP). Segundo reportagem do portal G1, Marrey afirmou que "enquanto não tiver desocupação, não tem mais conversa". "Este movimento é um movimento radicalizado, de cunho autoritário", declarou o secretário.
Sexta-feira, 01 de Junho de 2007
ProtestoOs universitários e a PM se enfrentam31 de Maio de 2007 18:58
Estudantes ligados às universidades públicas paulistas e entidades sociais se dirigiram em passeata nesta quinta-feira ao Palácio dos Bandeirantes - sede do governo do estado - no Morumbi, zona sul de São Paulo. Antes de os manifestantes chegarem ao seu destino, no entanto, houve tumulto entre o grupo e policiais militares, que usaram gás de pimenta para conter os avanços. A avenida Francisco Morato, próxima ao local, teve que ser interditada.
Os manifestantes protestam contra decretos do governador José Serra (PSDB) que, para eles, colocam em risco a autonomia das universidades. Nesta quinta, o Diário Oficial do estado publicou um decreto declaratório sobre o assunto, com o objetivo de "eliminar as interpretações reiteradamente equivocadas" sobre textos anteriores que tratavam da autonomia universitária paulista.
O grupo tentou chegar à sede do governo, mas foi impedido pela Polícia Militar, que montou uma barreira com cerca de 500 homens e bloqueou o acesso de veículos e de pedestres à avenida Morumbi, que leva ao palácio. Um estudante tentou furar o bloqueio policial e foi detido, por volta das 16h50. Segundo o tenente-coronel Wanderley Medeiros, comandante do 16º Batalhão da PM, o estudante - que não teve o nome revelado - deveria ser encaminhado ao 34º DP e indiciado por desacato a autoridade.
‘Acabou’ - O secretário de Justiça do estado de São Paulo, Luiz Antonio Guimarães Marrey, disse nesta quinta-feira que não negocia mais com os estudantes que ocupam, desde 3 e maio, a reitoria da Universidade de São Paulo (USP). Segundo reportagem do portal G1, Marrey afirmou que "enquanto não tiver desocupação, não tem mais conversa". "Este movimento é um movimento radicalizado, de cunho autoritário", declarou o secretário.
30 may 2007 Veja
http://vejasaopaulo.abril.com.br/revista/vejasp/edicoes/2010/m0129849.html
Estão brincando com fogo
24.05.2007
Com baderna e reivindicações oportunistas, uma inexpressiva parcela dos 80 600 alunos da Universidade de São Paulo mancha a imagem da maior e melhor instituição de ensino do país
Por Alvaro Leme, Maria Paola de Salvo e Sandra Soares
Danilo Verpa/Folha Imagem
Pichações, faixas e fogueira na frente da reitoria: ataque a um patrimônio paulista
Mais prestigiosa instituição de ensino superior do país e uma das mais concorridas – no último vestibular, houve 142 656 candidatos para 11 682 vagas –, a Universidade de São Paulo (USP) é orgulho e patrimônio dos paulistas. Com 61 cursos cinco-estrelas segundo a última avaliação do Guia do Estudante, publicado pela Editora Abril, ela está bem à frente da segunda colocada no ranking de excelência, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que teve 26 cursos colocados no mesmo patamar. Desde o dia 3, no entanto, a principal universidade do Brasil vive um drama que pode transformá-la em terra de ninguém. Naquela tarde, ela foi atacada em seu coração, a reitoria, quando um pequeno bando formado por cerca de 300 de seus quase 80 600 alunos (ou seja, menos de 0,5% do total) invadiu o prédio e ali acampou, ameaçando permanecer aquartelado até que uma lista com dezessete exigências, boa parte delas oportunista, fosse atendida.
Alunos rebelados protestam na torre do relógio, no campus do Butantã: "Universidade livre"Intitulando-se simplesmente membros do "movimento estudantil", os arruaceiros, cuja ação seria repudiada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), destruíram uma porta e depredaram as placas de identificação de algumas salas do edifício. Onde antes se lia reitora, por exemplo, agora se vê apenas uma provocação bobinha: a palavra rei. Na terça-feira (22), quase vinte dias após o início da ocupação, cerca de 200 deles não haviam arredado o pé de lá, indiferentes à fedentina que começava a se espalhar pelos ambientes. O mau cheiro vinha principalmente dos dois banheiros utilizados pelo grupelho, formado em sua maioria por alunos dos cursos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e da Escola de Comunicação e Artes (ECA), que tiveram parte de suas aulas suspensa. Espalhados por um chão ensebado, coberto por pedaços de papel, casais namoravam, rapazes divertiam-se em jogos de carteado e mocinhas pintavam as unhas – alguns deles vestidos com camiseta de microscópicos partidos da esquerda radical, como o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), o Partido da Causa Operária (PCO) e o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). Num canto, alguns compenetrados ativistas preparavam uma cartilha a ser distribuída aos manifestantes. O conteúdo? Indicações do que fazer caso a Polícia Militar, cumprindo uma decisão da Justiça, ocupasse o prédio para desalojar os invasores, o que até as 20 horas da última quarta não havia ocorrido.
Caio Guatelli/Folha Imagem
A reitoria virou cortiço: sessenta colchões espalhados no térreo No dia 16, a reitora da universidade, Suely Vilela, recebeu um mandado de reintegração de posse expedido pelo juiz Jayme Martins de Oliveira Neto, da 13ª Vara da Fazenda Pública. Trata-se da autorização do uso de força policial para a retirada dos rebelados, mas a reitora preferiu, sem sucesso, negociar com eles. O senador Eduardo Suplicy (PT) foi chamado para mediar o debate entre as duas partes, a convite de ambas. Desde sexta-feira (18) ele esteve em contato com os estudantes, por telefone. "Na madrugada da quarta me ligaram dizendo que haviam resolvido só dialogar diretamente com o governador José Serra", conta Suplicy. "Pediram para tentar agendar uma conversa com ele, o que eu disse que seria praticamente impossível." Não adiantaram as suas sugestões para que deixassem o prédio. "O movimento radicalizou demais", avalia o senador. Apoiados pela Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp), que aproveitou para entrar em greve na quarta (23), desrespeitando assim o direito dos alunos que querem estudar, e pelo Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), os alunos reivindicavam principalmente a revogação de cinco decretos assinados pelo governador no início do seu mandato. Segundo eles, as medidas comprometem a "autonomia das universidades públicas". A mais importante refere-se à criação da Secretaria de Ensino Superior, à qual as universidades paulistas estaduais (USP, Unicamp e Universidade Estadual Paulista, a Unesp) estão agora vinculadas. Antes elas eram ligadas à extinta Secretaria de Ciência e Tecnologia. Com a mudança, o médico José Aristodemo Pinotti assumiu a Secretaria de Ensino Superior.
Fotos Valéria Gonçalvez/Agência Estado/AE e Mário Rodrigues
No alto, manifestantes batucam para atrapalhar as aulas de quem quer apenas estudar; abaixo, 2 000 pessoas participam de assembléia organizada pelos estudantes na última terçaO anúncio da criação do órgão provocou alvoroço por causa de uma série de informações e ações desencontradas protagonizadas pelo próprio governo. Ainda que indiretamente, a decisão vai garantir mais dinheiro para o ensino superior público. Além do montante anual de 9,57% do ICMS do estado que desde 1989 é destinado às universidades (em 2006, isso representou 4 bilhões de reais), elas serão beneficiadas com os 15 milhões de reais que a Secretaria de Ensino Superior pretende gastar com projetos neste ano (veja o quadro). Ao mesmo tempo em que foi nomeado secretário, Pinotti tornou-se presidente do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais do Estado de São Paulo (Cruesp), do qual também fazem parte os secretários de Educação e Desenvolvimento. Cabe ao conselho, por exemplo, definir o porcentual anual de reajuste de salários de docentes e funcionários das universidades. A situação provocou uma saia-justa. Afinal, seria Pinotti, um representante do estado, quem daria o voto de Minerva no caso de impasses em processos de tomada de decisão do conselho. "Percebi o mal-estar e pedi que a presidência fosse dada a outro", diz ele. O cargo acabou então entregue ao reitor da Unicamp, o engenheiro agrícola José Tadeu Jorge.
Foi justamente a partir de 1989, quando por meio de um decreto as instituições públicas de ensino superior do estado ganharam autonomia para gerir seus recursos, que as universidades paulistas não pararam de crescer. Isso é medido, entre outros indicadores, pelo aumento do número de vagas oferecidas nos vestibulares. Há vinte anos eram quase 6 780 na USP, número atualmente 70% maior. Juntas, USP, Unicamp e Unesp são responsáveis por metade da produção acadêmica do país. A declaração dada por Pinotti de que remanejamentos de verbas entre os três grupos orçamentários dessas universidades (pessoal, investimento e custeio) precisariam ser aprovados pelo governador, ao contrário do que acontece hoje, despertou uma celeuma no meio acadêmico. Caso isso se confirmasse, decisões corriqueiras como a de realocar dinheiro previsto para a compra de material na contratação de um novo professor seriam obrigatoriamente submetidas a Serra, burocratizando o processo. O governo se apressou em apagar o incêndio. "O secretário da Fazenda nos enviou um ofício em que garante que não será necessário fazer esse tipo de consulta", diz Tadeu Jorge. "Houve mal-entendidos", completa Pinotti. O que o governador exigiu – e conseguiu fazer cumprir – é que a prestação de contas das universidades no Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios (Siafem) passe a ser diária. Hoje a entrada de dados no sistema é mensal. "Até agora as universidades informavam, por exemplo, apenas o montante total gasto por mês com equipamentos", explica Pinotti. "Futuramente terão de discriminar todas as despesas que fazem, dia a dia." Por meio dessa ferramenta, disponível na internet, o contribuinte paulista pode acompanhar o uso de seu dinheiro. Nada mais justo.
Os estudantes que invadiram a reitoria da USP pegaram carona no debate desses assuntos para apresentar uma longa lista de reivindicações. Sua pauta de dezessete itens inclui eleições diretas para reitor, contratação imediata de professores e funcionários, construção de prédios, reforma de outros, criação de 600 vagas de moradia estudantil, garantia de alimentação nos fins de semana nos restaurantes universitários, liberdade de manifestação política (panfletagem, colagem de cartazes etc.) e cultural (realização de festas e festivais), e por aí vai... "Grande parte da mobilização não tem nada a ver com os decretos do Serra, que são apenas um bode expiatório da crise", afirma o cientista político Fernando Abrucio, especialista em administração pública. "A solução do conflito é dificultada pela falta de uma liderança clara entre os alunos", diz o professor da Faculdade de Filosofia da USP Adilson Avansi de Abreu, um dos três nomes cotados para o cargo de reitor na última eleição, da qual saiu vitoriosa Suely Vilela. A reitora se recusa a dar entrevistas até o fim do impasse. Os alunos amotinados também não atendem a imprensa. Jornalistas que conseguiram entrar no QG dos estudantes munidos de máquinas fotográficas só saíram de lá depois que as imagens foram checadas por uma comissão de censores – a preocupação é evitar que retratos dos manifestantes sejam divulgados. Entre as condições impostas para a desocupação da reitoria está a de que nenhum estudante sofra algum tipo de punição. Brincando com fogo, eles são bem diferentes dos caras-pintadas, que em 1992 foram às ruas para protestar contra o governo Fernando Collor mostrando o rosto. Tentam se manter clandestinos apesar de seu endereço conhecido. Que, até a última quarta-feira, era o da USP.
Em vez de plástica, rugas de preocupação
Mário Rodrigues
A reitora Suely Vilela: como mãe de criança peralta, ela ameaça, mas não pune Quando se tornou reitora da USP, em 2005, a professora-doutora Suely Vilela calculava que, dali a cerca de um ano e meio, poderia tirar folga para submeter-se a uma plástica nas bochechas e nas pálpebras. Pois foi exatamente o tempo que levou para a farmacêutica enfrentar a maior crise de sua gestão, que já começou com protestos de alunos no dia da posse. Aos 53 anos, mineira de Ilicínea, Suely é divorciada e tem um filho. Vaidosa, gosta de acordar cedo para fazer escova. Quando tem tempo – o que não é o caso nas atuais circunstâncias – faz musculação e esteira. Costuma vestir terninhos de estilo clássico. "Gosto de tudo combinando", disse a Veja São Paulo, numa entrevista concedida logo depois de obter 154 dos 269 votos na eleição para a reitoria, em 2005. Desde o início da rebelião na USP, ela tem evitado a imprensa.
Há quem a considere despreparada e defenda a idéia de que teria sido aprovada por Geraldo Alckmin por, como o então governador, vir do interior (boa parte de sua carreira foi em Ribeirão Preto). Verdade ou injustiça, o fato de a reitora ter declarado gostos culturais pouco comuns entre docentes – ela é fã das canções românticas de Roberto Carlos e de filmes melosos como Uma Linda Mulher – só aumentou as críticas. Na entrevista a Veja São Paulo em 2005, a professora se declarou "pisciana, coração mole". Isso talvez explique por que, nos primeiros vinte dias da rebelião dos alunos, ela tem se portado como mãe de criança peralta: ameaça, ameaça, mas não pune ninguém.
"Minha presença na USP seria uma provocação"
Mário Rodrigues
O secretário Pinotti: observando a crise de longeDesde o início dos conflitos na USP, o secretário de Ensino Superior, José Aristodemo Pinotti, de 72 anos, tem evitado ir à universidade. "Minha presença lá seria entendida como uma provocação pelos estudantes", acredita ele, que foi reitor da Unicamp (1982 a 1986) e está acostumado a lidar com alunos rebeldes. "É melhor que eu me dedique aos projetos em razão dos quais fui nomeado." Com 4,8 milhões de reais garantidos em seu orçamento para 2007 (outros 10,5 milhões foram solicitados ao governo), a Secretaria de Ensino Superior pretende centrar forças em ações que facilitem o acesso de alunos de baixa renda às universidades estaduais. Dos 400 000 jovens que a cada ano terminam o ensino médio nas escolas públicas, apenas 1% consegue ingressar na USP, Unicamp ou Unesp. Ou seja, seus alunos – que não pagam mensalidades – vieram na esmagadora maioria de escolas particulares. "Vamos aumentar o número de vagas nos cursinhos públicos oferecidas nas universidades", diz Pinotti. "E contratar alunos de seus próprios quadros como professores." A secretaria estuda também criar uma quarta universidade, a Virtual Paulista (Univip), com aulas ministradas pela internet e pela televisão, em conjunto com a Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura. "É óbvio que não dá para ensinar medicina de longe", afirma Pinotti, que é médico ginecologista. "Mas cursos mais teóricos podem funcionar muito bem nesse formato."
Dia das Mães na reitoria
Mário Rodrigues
A aluna Alba Marcondes: "Durmo aqui na USP desde o início da ocupação"Assim que tomaram a reitoria, os estudantes montaram uma agenda de debates e programas culturais – teve até uma versão uspiana da Virada Cultural, no último dia 5. No Dia das Mães, aconteceu uma comemoração pouco comum entre movimentos estudantis: algumas famílias passaram a data no local da invasão. Foi o caso dos parentes de Alba Marcondes, de 21 anos, aluna do 2º ano de letras, que só vai para casa, no Paraíso, para buscar roupas. "Durmo aqui na USP desde o início da ocupação." Alba tem um perfil diferente do da maior parte dos alunos da USP – estudou algumas séries em escolas públicas, enquanto 76% de seus colegas vêm de colégios particulares de elite. Participa da Comissão de Comunicação, uma das inúmeras equipes em que os alunos se dividiram para administrar sua bagunça. Cada turma tem de vinte a trinta integrantes, que se revezam entre si. "Quem é da equipe de alimentação num dia pode em outro estar na de negociação", explica a estudante. Esse rodízio é uma das características mais marcantes do atual movimento estudantil, a ausência de uma liderança definida. Todo mundo manda e ninguém manda. O que motiva Alba a ficar na ocupação? Com o ar idealista comum aos seus colegas, aparentemente alheios ao fato de que policiais armados poderiam acabar com a baderna a qualquer momento, ela responde. "Estou aqui porque quero uma universidade melhor para os meus filhos."
Na ponta do lápis
Alguns números da USP
80 589 alunos (60% deles na graduação)
1,9 bilhão de reais foi o orçamento executado em 2005
5 222 professores, que recebem salário inicial de 5660 reais (professor-doutor), 6748 (professor associado) e 8136 (professor titular) para quarenta horas de trabalho semanais
142 656 inscritos para as 11 682 vagas do vestibular 2007, o que equivale à média de 12,2 candidatos por vaga. Os cursos mais concorridos no último exame foram publicidade e propaganda (45,74 candidatos por vaga) e jornalismo (44,75)
7 campi (São Paulo, São Carlos, Bauru, Lorena, Piracicaba, Pirassununga e Ribeirão Preto)
214 cursos de graduação e 563 programas de pós-graduação
39 bibliotecas, que recebem por ano 3,9 milhões de usuários, atraídos pelo acervo de 6,9 milhões de volumes
15 295 funcionários
Fonte: Anuário Estatístico USP 2006
Estão brincando com fogo
24.05.2007
Com baderna e reivindicações oportunistas, uma inexpressiva parcela dos 80 600 alunos da Universidade de São Paulo mancha a imagem da maior e melhor instituição de ensino do país
Por Alvaro Leme, Maria Paola de Salvo e Sandra Soares
Danilo Verpa/Folha Imagem
Pichações, faixas e fogueira na frente da reitoria: ataque a um patrimônio paulista
Mais prestigiosa instituição de ensino superior do país e uma das mais concorridas – no último vestibular, houve 142 656 candidatos para 11 682 vagas –, a Universidade de São Paulo (USP) é orgulho e patrimônio dos paulistas. Com 61 cursos cinco-estrelas segundo a última avaliação do Guia do Estudante, publicado pela Editora Abril, ela está bem à frente da segunda colocada no ranking de excelência, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que teve 26 cursos colocados no mesmo patamar. Desde o dia 3, no entanto, a principal universidade do Brasil vive um drama que pode transformá-la em terra de ninguém. Naquela tarde, ela foi atacada em seu coração, a reitoria, quando um pequeno bando formado por cerca de 300 de seus quase 80 600 alunos (ou seja, menos de 0,5% do total) invadiu o prédio e ali acampou, ameaçando permanecer aquartelado até que uma lista com dezessete exigências, boa parte delas oportunista, fosse atendida.
Alunos rebelados protestam na torre do relógio, no campus do Butantã: "Universidade livre"Intitulando-se simplesmente membros do "movimento estudantil", os arruaceiros, cuja ação seria repudiada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), destruíram uma porta e depredaram as placas de identificação de algumas salas do edifício. Onde antes se lia reitora, por exemplo, agora se vê apenas uma provocação bobinha: a palavra rei. Na terça-feira (22), quase vinte dias após o início da ocupação, cerca de 200 deles não haviam arredado o pé de lá, indiferentes à fedentina que começava a se espalhar pelos ambientes. O mau cheiro vinha principalmente dos dois banheiros utilizados pelo grupelho, formado em sua maioria por alunos dos cursos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e da Escola de Comunicação e Artes (ECA), que tiveram parte de suas aulas suspensa. Espalhados por um chão ensebado, coberto por pedaços de papel, casais namoravam, rapazes divertiam-se em jogos de carteado e mocinhas pintavam as unhas – alguns deles vestidos com camiseta de microscópicos partidos da esquerda radical, como o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), o Partido da Causa Operária (PCO) e o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). Num canto, alguns compenetrados ativistas preparavam uma cartilha a ser distribuída aos manifestantes. O conteúdo? Indicações do que fazer caso a Polícia Militar, cumprindo uma decisão da Justiça, ocupasse o prédio para desalojar os invasores, o que até as 20 horas da última quarta não havia ocorrido.
Caio Guatelli/Folha Imagem
A reitoria virou cortiço: sessenta colchões espalhados no térreo No dia 16, a reitora da universidade, Suely Vilela, recebeu um mandado de reintegração de posse expedido pelo juiz Jayme Martins de Oliveira Neto, da 13ª Vara da Fazenda Pública. Trata-se da autorização do uso de força policial para a retirada dos rebelados, mas a reitora preferiu, sem sucesso, negociar com eles. O senador Eduardo Suplicy (PT) foi chamado para mediar o debate entre as duas partes, a convite de ambas. Desde sexta-feira (18) ele esteve em contato com os estudantes, por telefone. "Na madrugada da quarta me ligaram dizendo que haviam resolvido só dialogar diretamente com o governador José Serra", conta Suplicy. "Pediram para tentar agendar uma conversa com ele, o que eu disse que seria praticamente impossível." Não adiantaram as suas sugestões para que deixassem o prédio. "O movimento radicalizou demais", avalia o senador. Apoiados pela Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp), que aproveitou para entrar em greve na quarta (23), desrespeitando assim o direito dos alunos que querem estudar, e pelo Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), os alunos reivindicavam principalmente a revogação de cinco decretos assinados pelo governador no início do seu mandato. Segundo eles, as medidas comprometem a "autonomia das universidades públicas". A mais importante refere-se à criação da Secretaria de Ensino Superior, à qual as universidades paulistas estaduais (USP, Unicamp e Universidade Estadual Paulista, a Unesp) estão agora vinculadas. Antes elas eram ligadas à extinta Secretaria de Ciência e Tecnologia. Com a mudança, o médico José Aristodemo Pinotti assumiu a Secretaria de Ensino Superior.
Fotos Valéria Gonçalvez/Agência Estado/AE e Mário Rodrigues
No alto, manifestantes batucam para atrapalhar as aulas de quem quer apenas estudar; abaixo, 2 000 pessoas participam de assembléia organizada pelos estudantes na última terçaO anúncio da criação do órgão provocou alvoroço por causa de uma série de informações e ações desencontradas protagonizadas pelo próprio governo. Ainda que indiretamente, a decisão vai garantir mais dinheiro para o ensino superior público. Além do montante anual de 9,57% do ICMS do estado que desde 1989 é destinado às universidades (em 2006, isso representou 4 bilhões de reais), elas serão beneficiadas com os 15 milhões de reais que a Secretaria de Ensino Superior pretende gastar com projetos neste ano (veja o quadro). Ao mesmo tempo em que foi nomeado secretário, Pinotti tornou-se presidente do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais do Estado de São Paulo (Cruesp), do qual também fazem parte os secretários de Educação e Desenvolvimento. Cabe ao conselho, por exemplo, definir o porcentual anual de reajuste de salários de docentes e funcionários das universidades. A situação provocou uma saia-justa. Afinal, seria Pinotti, um representante do estado, quem daria o voto de Minerva no caso de impasses em processos de tomada de decisão do conselho. "Percebi o mal-estar e pedi que a presidência fosse dada a outro", diz ele. O cargo acabou então entregue ao reitor da Unicamp, o engenheiro agrícola José Tadeu Jorge.
Foi justamente a partir de 1989, quando por meio de um decreto as instituições públicas de ensino superior do estado ganharam autonomia para gerir seus recursos, que as universidades paulistas não pararam de crescer. Isso é medido, entre outros indicadores, pelo aumento do número de vagas oferecidas nos vestibulares. Há vinte anos eram quase 6 780 na USP, número atualmente 70% maior. Juntas, USP, Unicamp e Unesp são responsáveis por metade da produção acadêmica do país. A declaração dada por Pinotti de que remanejamentos de verbas entre os três grupos orçamentários dessas universidades (pessoal, investimento e custeio) precisariam ser aprovados pelo governador, ao contrário do que acontece hoje, despertou uma celeuma no meio acadêmico. Caso isso se confirmasse, decisões corriqueiras como a de realocar dinheiro previsto para a compra de material na contratação de um novo professor seriam obrigatoriamente submetidas a Serra, burocratizando o processo. O governo se apressou em apagar o incêndio. "O secretário da Fazenda nos enviou um ofício em que garante que não será necessário fazer esse tipo de consulta", diz Tadeu Jorge. "Houve mal-entendidos", completa Pinotti. O que o governador exigiu – e conseguiu fazer cumprir – é que a prestação de contas das universidades no Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios (Siafem) passe a ser diária. Hoje a entrada de dados no sistema é mensal. "Até agora as universidades informavam, por exemplo, apenas o montante total gasto por mês com equipamentos", explica Pinotti. "Futuramente terão de discriminar todas as despesas que fazem, dia a dia." Por meio dessa ferramenta, disponível na internet, o contribuinte paulista pode acompanhar o uso de seu dinheiro. Nada mais justo.
Os estudantes que invadiram a reitoria da USP pegaram carona no debate desses assuntos para apresentar uma longa lista de reivindicações. Sua pauta de dezessete itens inclui eleições diretas para reitor, contratação imediata de professores e funcionários, construção de prédios, reforma de outros, criação de 600 vagas de moradia estudantil, garantia de alimentação nos fins de semana nos restaurantes universitários, liberdade de manifestação política (panfletagem, colagem de cartazes etc.) e cultural (realização de festas e festivais), e por aí vai... "Grande parte da mobilização não tem nada a ver com os decretos do Serra, que são apenas um bode expiatório da crise", afirma o cientista político Fernando Abrucio, especialista em administração pública. "A solução do conflito é dificultada pela falta de uma liderança clara entre os alunos", diz o professor da Faculdade de Filosofia da USP Adilson Avansi de Abreu, um dos três nomes cotados para o cargo de reitor na última eleição, da qual saiu vitoriosa Suely Vilela. A reitora se recusa a dar entrevistas até o fim do impasse. Os alunos amotinados também não atendem a imprensa. Jornalistas que conseguiram entrar no QG dos estudantes munidos de máquinas fotográficas só saíram de lá depois que as imagens foram checadas por uma comissão de censores – a preocupação é evitar que retratos dos manifestantes sejam divulgados. Entre as condições impostas para a desocupação da reitoria está a de que nenhum estudante sofra algum tipo de punição. Brincando com fogo, eles são bem diferentes dos caras-pintadas, que em 1992 foram às ruas para protestar contra o governo Fernando Collor mostrando o rosto. Tentam se manter clandestinos apesar de seu endereço conhecido. Que, até a última quarta-feira, era o da USP.
Em vez de plástica, rugas de preocupação
Mário Rodrigues
A reitora Suely Vilela: como mãe de criança peralta, ela ameaça, mas não pune Quando se tornou reitora da USP, em 2005, a professora-doutora Suely Vilela calculava que, dali a cerca de um ano e meio, poderia tirar folga para submeter-se a uma plástica nas bochechas e nas pálpebras. Pois foi exatamente o tempo que levou para a farmacêutica enfrentar a maior crise de sua gestão, que já começou com protestos de alunos no dia da posse. Aos 53 anos, mineira de Ilicínea, Suely é divorciada e tem um filho. Vaidosa, gosta de acordar cedo para fazer escova. Quando tem tempo – o que não é o caso nas atuais circunstâncias – faz musculação e esteira. Costuma vestir terninhos de estilo clássico. "Gosto de tudo combinando", disse a Veja São Paulo, numa entrevista concedida logo depois de obter 154 dos 269 votos na eleição para a reitoria, em 2005. Desde o início da rebelião na USP, ela tem evitado a imprensa.
Há quem a considere despreparada e defenda a idéia de que teria sido aprovada por Geraldo Alckmin por, como o então governador, vir do interior (boa parte de sua carreira foi em Ribeirão Preto). Verdade ou injustiça, o fato de a reitora ter declarado gostos culturais pouco comuns entre docentes – ela é fã das canções românticas de Roberto Carlos e de filmes melosos como Uma Linda Mulher – só aumentou as críticas. Na entrevista a Veja São Paulo em 2005, a professora se declarou "pisciana, coração mole". Isso talvez explique por que, nos primeiros vinte dias da rebelião dos alunos, ela tem se portado como mãe de criança peralta: ameaça, ameaça, mas não pune ninguém.
"Minha presença na USP seria uma provocação"
Mário Rodrigues
O secretário Pinotti: observando a crise de longeDesde o início dos conflitos na USP, o secretário de Ensino Superior, José Aristodemo Pinotti, de 72 anos, tem evitado ir à universidade. "Minha presença lá seria entendida como uma provocação pelos estudantes", acredita ele, que foi reitor da Unicamp (1982 a 1986) e está acostumado a lidar com alunos rebeldes. "É melhor que eu me dedique aos projetos em razão dos quais fui nomeado." Com 4,8 milhões de reais garantidos em seu orçamento para 2007 (outros 10,5 milhões foram solicitados ao governo), a Secretaria de Ensino Superior pretende centrar forças em ações que facilitem o acesso de alunos de baixa renda às universidades estaduais. Dos 400 000 jovens que a cada ano terminam o ensino médio nas escolas públicas, apenas 1% consegue ingressar na USP, Unicamp ou Unesp. Ou seja, seus alunos – que não pagam mensalidades – vieram na esmagadora maioria de escolas particulares. "Vamos aumentar o número de vagas nos cursinhos públicos oferecidas nas universidades", diz Pinotti. "E contratar alunos de seus próprios quadros como professores." A secretaria estuda também criar uma quarta universidade, a Virtual Paulista (Univip), com aulas ministradas pela internet e pela televisão, em conjunto com a Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura. "É óbvio que não dá para ensinar medicina de longe", afirma Pinotti, que é médico ginecologista. "Mas cursos mais teóricos podem funcionar muito bem nesse formato."
Dia das Mães na reitoria
Mário Rodrigues
A aluna Alba Marcondes: "Durmo aqui na USP desde o início da ocupação"Assim que tomaram a reitoria, os estudantes montaram uma agenda de debates e programas culturais – teve até uma versão uspiana da Virada Cultural, no último dia 5. No Dia das Mães, aconteceu uma comemoração pouco comum entre movimentos estudantis: algumas famílias passaram a data no local da invasão. Foi o caso dos parentes de Alba Marcondes, de 21 anos, aluna do 2º ano de letras, que só vai para casa, no Paraíso, para buscar roupas. "Durmo aqui na USP desde o início da ocupação." Alba tem um perfil diferente do da maior parte dos alunos da USP – estudou algumas séries em escolas públicas, enquanto 76% de seus colegas vêm de colégios particulares de elite. Participa da Comissão de Comunicação, uma das inúmeras equipes em que os alunos se dividiram para administrar sua bagunça. Cada turma tem de vinte a trinta integrantes, que se revezam entre si. "Quem é da equipe de alimentação num dia pode em outro estar na de negociação", explica a estudante. Esse rodízio é uma das características mais marcantes do atual movimento estudantil, a ausência de uma liderança definida. Todo mundo manda e ninguém manda. O que motiva Alba a ficar na ocupação? Com o ar idealista comum aos seus colegas, aparentemente alheios ao fato de que policiais armados poderiam acabar com a baderna a qualquer momento, ela responde. "Estou aqui porque quero uma universidade melhor para os meus filhos."
Na ponta do lápis
Alguns números da USP
80 589 alunos (60% deles na graduação)
1,9 bilhão de reais foi o orçamento executado em 2005
5 222 professores, que recebem salário inicial de 5660 reais (professor-doutor), 6748 (professor associado) e 8136 (professor titular) para quarenta horas de trabalho semanais
142 656 inscritos para as 11 682 vagas do vestibular 2007, o que equivale à média de 12,2 candidatos por vaga. Os cursos mais concorridos no último exame foram publicidade e propaganda (45,74 candidatos por vaga) e jornalismo (44,75)
7 campi (São Paulo, São Carlos, Bauru, Lorena, Piracicaba, Pirassununga e Ribeirão Preto)
214 cursos de graduação e 563 programas de pós-graduação
39 bibliotecas, que recebem por ano 3,9 milhões de usuários, atraídos pelo acervo de 6,9 milhões de volumes
15 295 funcionários
Fonte: Anuário Estatístico USP 2006
31 may 22h (UOL)
Secretário de Serra diz que não negocia mais; manifestantes fazem plenária nesta 5ªDa redaçãoEm São Paulo*
Ao mesmo tempo que ocorria uma manifestação de estudantes, funcionários e professores da USP (Universidade de São Paulo) que parou parte da capital paulista na tarde e início da noite desta quinta (31), o secretário de Justiça de São Paulo, Luiz Antonio Marrey, afirmava em entrevista coletiva, no Palácio dos Bandeirantes, que não negocia mais com os estudantes até a desocupação da reitoria da USP, onde um grupo de alunos permanece desde 3/5.O secretário disse à rádio Jovem Pan que trata-se de um movimento "radicalizado, de cunho autoritário, que não respeita normas mínimas da democracia". Ouça o secretário. Na semana passada, Marrey teve dois encontros com os estudantes, um deles com a participação da reitoria da USP, Suely Vilela.Os manifestantes fariam uma plenária na noite desta quinta, em frente à reitoria da USP, junto com estudantes da Unesp e da Unicamp que participaram do ato no Palácio dos Bandeirantes, para discutir o novo decreto do governo Serra publicado nesta quinta, que tenta explicar suas ações na área de educação superior -- que, segundo os estudantes ferem a autonomia universitária. Até as 22h16, a reunião não havia terminado. Está agendada ainda, para o fim da tarde desta sexta (1º), uma assembléia entre os alunos que ocupam a reitoria.
DIA DE PROTESTO
Passeata percorre avenida em direção ao Palácio dos Bandeirantes
De rosto coberto, manifestante encara policial em bloqueio
Manifestante é contido ao tentar furar bloqueio dos policiais
Boneco gigante representa o governador José Serra
Manifestantes exibem livros diante do bloqueio da PM
MAIS FOTOS DA PASSEATA
VÍDEO: TENSÃO E SPRAYAlunos, professores e funcionários caminharam em passeata em direção à sede do governo paulista, no Morumbi, zona sul de São Paulo, na tarde desta quinta. Houve bloqueio de vias, e o trânsito parou na cidade. Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a lentidão em São Paulo chegou a 162 km às 19h. Por volta das 19h30, o protesto refluiu e os manifestantes começaram a voltar em direção à USP, segundo a Jovem Pan. Às 20h30, havia 82 km de lentidão.
Assista a vídeo da passeata Após seguirem pela avenida Francisco Morato, os estudantes foram bloqueados pela Polícia Militar na entrada da avenida Morumbi, trajeto para o Bandeirantes. Os manifestantes queriam ficar na praça Vinícius de Moraes, próxima ao Palácio, mas um representante do governo explicou que essa área é de segurança e que, por regras da PM (Polícia Militar), os manifestantes devem ficar em frente ao estádio do Morumbi. Dois deputados do Psol -- Ivan Valente (federal) e Carlos Gianazzi (estadual) -- se reuniram no início da noite com o secretário da Casa Civil de São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira Filho, em nome dos manifestantes da USP, e também pediram para que o protesto pudesse ser feito em frente ao palácio, mas o governo não cedeu. Houve atritos entre os estudantes e os PMs. Policiais usaram gás pimenta para afastar quem tentava prosseguir na marcha. Um estudante foi detido ao tentar furar o cordão de isolamento, segundo a rádio Jovem Pan, mas acabou liberado logo em seguida, porque, segundo um oficial da PM, seu gesto não teve gravidade. O trânsito ficou totalmente paralisado na Francisco Morato, que faz a ligação de parte da zona sul com as áreas mais centrais de São Paulo -- e arredores. Uma estimativa dos organizadores calculou a multidão em 10 mil pessoas. A PM não se pronunciou sobre isso.O objetivo inicial dos manifestantes era ser recebidos pelo governador José Serra ou pelos secretários de Educação Superior, José Aristodemo Pinotti, e Justiça, Luiz Antônio Marrey. Com Agência Estado e Jovem Pan
*Atualizada às 22h16
Ao mesmo tempo que ocorria uma manifestação de estudantes, funcionários e professores da USP (Universidade de São Paulo) que parou parte da capital paulista na tarde e início da noite desta quinta (31), o secretário de Justiça de São Paulo, Luiz Antonio Marrey, afirmava em entrevista coletiva, no Palácio dos Bandeirantes, que não negocia mais com os estudantes até a desocupação da reitoria da USP, onde um grupo de alunos permanece desde 3/5.O secretário disse à rádio Jovem Pan que trata-se de um movimento "radicalizado, de cunho autoritário, que não respeita normas mínimas da democracia". Ouça o secretário. Na semana passada, Marrey teve dois encontros com os estudantes, um deles com a participação da reitoria da USP, Suely Vilela.Os manifestantes fariam uma plenária na noite desta quinta, em frente à reitoria da USP, junto com estudantes da Unesp e da Unicamp que participaram do ato no Palácio dos Bandeirantes, para discutir o novo decreto do governo Serra publicado nesta quinta, que tenta explicar suas ações na área de educação superior -- que, segundo os estudantes ferem a autonomia universitária. Até as 22h16, a reunião não havia terminado. Está agendada ainda, para o fim da tarde desta sexta (1º), uma assembléia entre os alunos que ocupam a reitoria.
DIA DE PROTESTO
Passeata percorre avenida em direção ao Palácio dos Bandeirantes
De rosto coberto, manifestante encara policial em bloqueio
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VÍDEO: TENSÃO E SPRAYAlunos, professores e funcionários caminharam em passeata em direção à sede do governo paulista, no Morumbi, zona sul de São Paulo, na tarde desta quinta. Houve bloqueio de vias, e o trânsito parou na cidade. Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a lentidão em São Paulo chegou a 162 km às 19h. Por volta das 19h30, o protesto refluiu e os manifestantes começaram a voltar em direção à USP, segundo a Jovem Pan. Às 20h30, havia 82 km de lentidão.
Assista a vídeo da passeata Após seguirem pela avenida Francisco Morato, os estudantes foram bloqueados pela Polícia Militar na entrada da avenida Morumbi, trajeto para o Bandeirantes. Os manifestantes queriam ficar na praça Vinícius de Moraes, próxima ao Palácio, mas um representante do governo explicou que essa área é de segurança e que, por regras da PM (Polícia Militar), os manifestantes devem ficar em frente ao estádio do Morumbi. Dois deputados do Psol -- Ivan Valente (federal) e Carlos Gianazzi (estadual) -- se reuniram no início da noite com o secretário da Casa Civil de São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira Filho, em nome dos manifestantes da USP, e também pediram para que o protesto pudesse ser feito em frente ao palácio, mas o governo não cedeu. Houve atritos entre os estudantes e os PMs. Policiais usaram gás pimenta para afastar quem tentava prosseguir na marcha. Um estudante foi detido ao tentar furar o cordão de isolamento, segundo a rádio Jovem Pan, mas acabou liberado logo em seguida, porque, segundo um oficial da PM, seu gesto não teve gravidade. O trânsito ficou totalmente paralisado na Francisco Morato, que faz a ligação de parte da zona sul com as áreas mais centrais de São Paulo -- e arredores. Uma estimativa dos organizadores calculou a multidão em 10 mil pessoas. A PM não se pronunciou sobre isso.O objetivo inicial dos manifestantes era ser recebidos pelo governador José Serra ou pelos secretários de Educação Superior, José Aristodemo Pinotti, e Justiça, Luiz Antônio Marrey. Com Agência Estado e Jovem Pan
*Atualizada às 22h16
31 may 14h (uol)
Secretário de Serra diz que não negocia mais; manifestantes fazem plenária nesta 5ªDa redaçãoEm São Paulo*
Ao mesmo tempo que ocorria uma manifestação de estudantes, funcionários e professores da USP (Universidade de São Paulo) que parou parte da capital paulista na tarde e início da noite desta quinta (31), o secretário de Justiça de São Paulo, Luiz Antonio Marrey, afirmava em entrevista coletiva, no Palácio dos Bandeirantes, que não negocia mais com os estudantes até a desocupação da reitoria da USP, onde um grupo de alunos permanece desde 3/5.O secretário disse à rádio Jovem Pan que trata-se de um movimento "radicalizado, de cunho autoritário, que não respeita normas mínimas da democracia". Ouça o secretário. Na semana passada, Marrey teve dois encontros com os estudantes, um deles com a participação da reitoria da USP, Suely Vilela.Os manifestantes fariam uma plenária na noite desta quinta, em frente à reitoria da USP, junto com estudantes da Unesp e da Unicamp que participaram do ato no Palácio dos Bandeirantes, para discutir o novo decreto do governo Serra publicado nesta quinta, que tenta explicar suas ações na área de educação superior -- que, segundo os estudantes ferem a autonomia universitária. Até as 22h16, a reunião não havia terminado. Está agendada ainda, para o fim da tarde desta sexta (1º), uma assembléia entre os alunos que ocupam a reitoria.
DIA DE PROTESTO
Passeata percorre avenida em direção ao Palácio dos Bandeirantes
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Assista a vídeo da passeata Após seguirem pela avenida Francisco Morato, os estudantes foram bloqueados pela Polícia Militar na entrada da avenida Morumbi, trajeto para o Bandeirantes. Os manifestantes queriam ficar na praça Vinícius de Moraes, próxima ao Palácio, mas um representante do governo explicou que essa área é de segurança e que, por regras da PM (Polícia Militar), os manifestantes devem ficar em frente ao estádio do Morumbi. Dois deputados do Psol -- Ivan Valente (federal) e Carlos Gianazzi (estadual) -- se reuniram no início da noite com o secretário da Casa Civil de São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira Filho, em nome dos manifestantes da USP, e também pediram para que o protesto pudesse ser feito em frente ao palácio, mas o governo não cedeu. Houve atritos entre os estudantes e os PMs. Policiais usaram gás pimenta para afastar quem tentava prosseguir na marcha. Um estudante foi detido ao tentar furar o cordão de isolamento, segundo a rádio Jovem Pan, mas acabou liberado logo em seguida, porque, segundo um oficial da PM, seu gesto não teve gravidade. O trânsito ficou totalmente paralisado na Francisco Morato, que faz a ligação de parte da zona sul com as áreas mais centrais de São Paulo -- e arredores. Uma estimativa dos organizadores calculou a multidão em 10 mil pessoas. A PM não se pronunciou sobre isso.O objetivo inicial dos manifestantes era ser recebidos pelo governador José Serra ou pelos secretários de Educação Superior, José Aristodemo Pinotti, e Justiça, Luiz Antônio Marrey. Com Agência Estado e Jovem Pan
*Atualizada às 22h16
Ao mesmo tempo que ocorria uma manifestação de estudantes, funcionários e professores da USP (Universidade de São Paulo) que parou parte da capital paulista na tarde e início da noite desta quinta (31), o secretário de Justiça de São Paulo, Luiz Antonio Marrey, afirmava em entrevista coletiva, no Palácio dos Bandeirantes, que não negocia mais com os estudantes até a desocupação da reitoria da USP, onde um grupo de alunos permanece desde 3/5.O secretário disse à rádio Jovem Pan que trata-se de um movimento "radicalizado, de cunho autoritário, que não respeita normas mínimas da democracia". Ouça o secretário. Na semana passada, Marrey teve dois encontros com os estudantes, um deles com a participação da reitoria da USP, Suely Vilela.Os manifestantes fariam uma plenária na noite desta quinta, em frente à reitoria da USP, junto com estudantes da Unesp e da Unicamp que participaram do ato no Palácio dos Bandeirantes, para discutir o novo decreto do governo Serra publicado nesta quinta, que tenta explicar suas ações na área de educação superior -- que, segundo os estudantes ferem a autonomia universitária. Até as 22h16, a reunião não havia terminado. Está agendada ainda, para o fim da tarde desta sexta (1º), uma assembléia entre os alunos que ocupam a reitoria.
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Passeata percorre avenida em direção ao Palácio dos Bandeirantes
De rosto coberto, manifestante encara policial em bloqueio
Manifestante é contido ao tentar furar bloqueio dos policiais
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Assista a vídeo da passeata Após seguirem pela avenida Francisco Morato, os estudantes foram bloqueados pela Polícia Militar na entrada da avenida Morumbi, trajeto para o Bandeirantes. Os manifestantes queriam ficar na praça Vinícius de Moraes, próxima ao Palácio, mas um representante do governo explicou que essa área é de segurança e que, por regras da PM (Polícia Militar), os manifestantes devem ficar em frente ao estádio do Morumbi. Dois deputados do Psol -- Ivan Valente (federal) e Carlos Gianazzi (estadual) -- se reuniram no início da noite com o secretário da Casa Civil de São Paulo, Aloysio Nunes Ferreira Filho, em nome dos manifestantes da USP, e também pediram para que o protesto pudesse ser feito em frente ao palácio, mas o governo não cedeu. Houve atritos entre os estudantes e os PMs. Policiais usaram gás pimenta para afastar quem tentava prosseguir na marcha. Um estudante foi detido ao tentar furar o cordão de isolamento, segundo a rádio Jovem Pan, mas acabou liberado logo em seguida, porque, segundo um oficial da PM, seu gesto não teve gravidade. O trânsito ficou totalmente paralisado na Francisco Morato, que faz a ligação de parte da zona sul com as áreas mais centrais de São Paulo -- e arredores. Uma estimativa dos organizadores calculou a multidão em 10 mil pessoas. A PM não se pronunciou sobre isso.O objetivo inicial dos manifestantes era ser recebidos pelo governador José Serra ou pelos secretários de Educação Superior, José Aristodemo Pinotti, e Justiça, Luiz Antônio Marrey. Com Agência Estado e Jovem Pan
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